Grupo faz protesto pra relembrar fotógrafo que perdeu um olho

06/10/2016 16:47 / Atualizado em 09/05/2018 19:39

Hoje, quinta-feira, rolou um protesto na esquina da Rua da Consolação com a Rua Caio Prado, na região central de São Paulo.

O grupo batizou a intervenção de “Olho da Rua” e o intuito foi relembrar o fotógrafo Sérgio Silva, que durante uma manifestação pelo passe livre em 2013, acabou perdendo um dos olhos com um tiro de bala de borracha disparado pela Polícia Militar de São Paulo neste mesmo endereço.

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https://www.youtube.com/watch?v=Yi1nZZzWzd0&feature=youtu.be

Sérgio estava trabalhando cobrindo a manifestação e, mesmo identificado com uma credencial de imprensa, sofreu esta terrível violência.

Abaixo, segue o texto que acompanha o vídeo-manifesto:

“No dia 13/06/2013, Sérgio Silva perdeu o olho enquanto fotografava a manifestação pelo Passe Livre. Na altura da Rua da Consolação com a Rua Caio Prado, Sérgio colocou seu olho no caminho da bala de borracha. Feito de carne, o olho não teve chance. A tropa de choque teve sinal verde e levou embora: era hora do rush. Meses depois, o juiz afirmou: “Não houve deslize, senão o do fotógrafo.” Segundo ele, Sérgio e seu olho estavam onde queriam estar e sabiam dos riscos. A tropa e a bala de borracha também estavam onde deveriam estar e sabiam dos riscos.

Imagem do vídeo
Imagem do vídeo

Como não houve malfeito, não haverá reparo. Não haverá memória.

Nesta obra, o olho não tem chance, é feito de papel. A hora do rush tem sinal verde e o atropela: a arte sob a borracha dos pneus, tropa de choque da metrópole. Pneu e bala de borracha. A borracha apaga o indivíduo: “Quem mandou ficar no caminho?” De tudo, sobra uma mancha vermelha espalhada pelo asfalto. Sem forma, é marca da violência diluída e permanente no colo da cidade.

A tinta vermelha simboliza o sangue e vai ficar ali marcada por um curto período
A tinta vermelha simboliza o sangue e vai ficar ali marcada por um curto período

Esta obra é memorial. Que ela nos lembre o que aconteceu. Que nos lembre que não conseguimos propor outra tropa possível. Esta obra, assim como o olho, não tem chance”.