Guerra nas redes sociais derruba páginas ligadas a temas feministas e LGBT
Ataques criam clima de guerra fria nas redes sociais, dividindo entusiastas do orgulho hétero e movimentos feministas
Se nos últimos 50 anos, esquerda e direita travaram suas diferenças por meio de embates na política, cultura ou até mesmo nas ruas, os dias atuais ficarão lembrados por transferir o conflito para as redes sociais, revivendo os tempestuosos dias de Guerra Fria – que até 1989 dividiu o mundo em dois blocos.
Tudo porque, no último dia 1º de novembro, a página Orgulho de ser hétero, que reunia dois milhões de pessoas, propagando conteúdos, sobretudo, machistas e de natureza homo(trans)fóbica, foi desativada após série de denúncias contra as postagens ali publicadas.
Coincidentemente, horas depois, ao menos cinco páginas ligadas aos direitos LGBTT, das mulheres e de pautas tidas como ” de esquerda”, num passe de mágica, desapareceram da rede social. Foram elas: “Feminismo sem demagogia”, “Jovens de Esquerda, “Cartazes e Tirinhas LGBT” e “Moça, Você é Machista”.
As suposições ganham status ainda mais conspiratórios quando diversos comentários contendo a hashtag #OOrgulhotavoltando passaram a circular nas publicações da rede social.
*Atualização em 4/11, às 17h25: A página “Jout Jout Prazer”, que também havia sido derrubada, voltou ao ar nesta quarta-feira. Por meio de sua assessoria de imprensa, o Facebook se desculpou pelas inconveniências causadas e admitiu que houve “erro de avaliação de denúncia”. A rede social afirmou ainda que “dado o volume de conteúdos na plataforma, mesmo que tentemos manter uma taxa de 99% de acertos, ocasionalmente cometeremos erros”.
Mas como funciona a política de denúncias do FB?
De acordo com as regras da rede social, se o post for uma violação clara dos termos de uso da plataforma, sim. Isso tem sido frequente em casos de quebra de direitos autorais e perfis falsos. Mas, se o assunto é conteúdo ofensivo, a denúncia pode ser perder na subjetividade dos avaliadores.
Quando você questiona um conteúdo no Facebook, exige-se uma razão para justificar a denúncia. A partir daí, ela é avaliada por um funcionário – centenas que estão distribuídos ao redor do mundo e entendem mais de 24 línguas. Disponíveis todos os dias para atendimento, a equipe responsável pelas denúncias é dividida em quatro grupos divididos em: segurança, ódio e intimidação, acesso e de conteúdo abusivo.
A justificativa indicada que filtra o que vai para cada equipe. Se um dos avaliadores considerar que o conteúdo denunciado fere os termos de uso da rede, ele será removido e seu autor notificado. O autor também pode sofrer sanções às suas publicações – desde restrição de certas palavras e desativação da conta ao encaminhamento às autoridades competentes.