Joanna Maranhão irá à Justiça contra seguidores que a assediaram
Eliminada da semifinal dos 200 metros borboleta nas Olimpíadas do Rio de Janeiro por apenas cinco centésimos, a atleta brasileira de natação Joanna Maranhão, de 29 anos, irá processar as pessoas que a xingaram pelas redes sociais. Alguns internautas inclusive lembraram o caso de estupro que ela sofreu quando criança.
Alvo de críticas e ofensas machistas, a nadadora informou em seu perfil oficial na segunda-feira, dia 8, que entrará na Justiça contra os assédios. “Trata-se de uma causa ganha e com esse dinheiro estaremos potencializando as ações da ONG Infância Livre”, disse. A organização à qual a atleta se refere é presidida por ela e atua em combate à pedofilia. Confira sua publicação:
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Em entrevista divulgada pela ESPN nesta terça-feira, dia 9, a atleta revelou os ataques preconceituosos que vem recebendo na internet desde sua eliminação.
“Ontem à noite foi o dia mais difícil para mim. Tentei ficar fora de rede social, mas fui no Facebook e vi uma enxurrada de críticas, ataques. Alguns dizem que eu merecia ser enxotada, que minha história é uma grande mentira. Eu tentei segurar a onda, mas agora eu desabafei. É muito duro receber”, disse.
“O Brasil é um país muito racista, muito machista, muito homofóbico, vem de uma cultura futebolística que as pessoas acham que quando chega em um esporte olímpico elas têm o direito de nos tratar como tratam um jogador de futebol quando não ganham. Acho que nem os jogadores de futebol merecem esse tratamento que a gente tem. Eles têm, nós muito menos”.
“Eu sempre me posicionei politicamente, porque sinto que todo ser humano tem um papel a fazer, mas eu quero um país para todo mundo. Não quero que a Tais Araújo seja chamada de ‘macaca’, que a Rafaela Silva seja chamada de ‘decepção’, amarelona'”.
“Felipe Kitadai, Charels Chibana, Sarah Menezes não entraram para perder. É muito difícil as pessoas entenderam isso. Mas passar para a linha do desrespeito é difícil. Treinei muito para ser a melhor nadadora do Brasil e não sucumbir à minha depressão, e de repente as pessoas me questionando, questionando minha história”. Confira o áudio da entrevista aqui.