Jovem acusado de racismo no Carnaval é demitido e pede desculpas
Acusado de racismo por conta da foto acima publicada em seu Instagram, o capixaba Lucas Almeida foi demitido do lugar onde trabalhava, o Studio Vitória, nesta quarta-feira, 14.
O caso viralizou nas redes sociais com a denúncia de Iarley Duarte, um dos três garotos que aparecem na imagem.
“Infelizmente ninguém está livre do racismo e do preconceito, esse babaca chegou em nós no bloco e pediu pra tirar uma foto com a gente, sem nem nos conhecer, sem nunca ter nos visto. Aí vai e faz essa merda, filhinho de papai encubado otário. Somos pretos, somos favelados e temos muito orgulho. #diganaoaopreconceito”, diz o protesto de Iarley.
Após a repercussão do post, que já conta com 21 mil reações e quase 3 mil comentários, o caso chegou a conhecimento do local de trabalho de Lucas.
Pelas redes sociais, o Studio Vitória anunciou a demissão do rapaz, e ainda deu uma lição: “Nem a imaturidade, nem o carnaval e nem a bebida é desculpa para o racismo. Nada é desculpa para o racismo“, diz a nota da empresa.
https://www.facebook.com/studiovitoriafuncional/photos/a.445827458802460.111633.443664402352099/1777254075659785/?type=3&theater
No início da tarde desta quinta-feira, 15, Lucas Almeida também publicou uma nota de retratação em sua conta do Facebook. O jovem pede “sinceras desculpas às pessoas que apareceram na foto e a quem mais tenha ofendido”. Além disso, Lucas fez questão de afirmar que mora na periferia e sempre se engajou na luta das causas populares.
Peço sinceras desculpas às pessoas que apareceram na foto e a quem mais eu tenha ofendido com meu post no Instagram, reiterando que essa nunca foi minha intenção. Não tenho, não exerço e me oponho a qualquer manifestação de preconceito, seja ele de raça/etnia, de religião, de gênero, de orientação sexual, de classe ou de capacidade e quem me conhece e convive comigo sabe bem disso. A frase de meu post replica um meme famoso veiculado na internet, que usei para fazer uma referência a mim mesmo – como se percebe pela frase na primeira pessoa do singular ¬–, indicando que a brincadeira era para criticar e combater, usando de ironia, uma reconhecida injustiça e discriminação social. Reconheço agora que a brincadeira foi infeliz, inoportuna e precipitada pelo contexto da imagem, produzindo uma interpretação outra, que eu não pretendia, ensejada pelo clima festivo e de euforia do carnaval. Essa interpretação não condiz com minha personalidade, com quem sou, com minha prática de vida e minhas ideias. Minha intenção era criticar o sistema e não o reproduzir. A composição da mensagem irônica não deu conta disso e causou o efeito inverso. Sou morador da periferia e sempre me irmanei e engajei nas lutas e causas populares, porque elas dizem respeito à minha condição social e pessoal. Reafirmo aqui meu pedido de desculpas às companheiras e aos companheiros dessa luta diária contra as injustiças e discriminação de toda espécie.
- ALERTA: se você foi vítima de racismo, ou conhece alguém que sofreu agressões motivadas por racismo, denuncie: