Lava-rápido delivery e ecológico emprega refugiados em SP

Kosukola é uma empresa social criada pelo projeto Estou Refugiado; veja como solicitar o serviço

O lava-rápido tem quatro funcionários até o momento
O lava-rápido tem quatro funcionários até o momento

Um lava-rápido delivery e ecológico, que não utiliza água e ainda emprega refugiados e imigrantes que moram em São Paulo. Esta é a proposta do Kosukola, uma empresa social criada em abril deste ano pelo projeto Estou Refugiado, que desde 2016 ajuda as pessoas a conseguirem trabalho e renda ao chegarem no país.

Kosukola é uma palavra em Lingala, língua falada no Congo e em Angola, que significa “lavar”. “Escolhemos chamar dessa maneira nosso serviço de lavagem para homenagear os refugiados que trabalham conosco”, afirma a descrição no site da iniciativa.

De acordo com a coordenadora Cathy Henry, quatro refugiados participam do lava-rápido. “Eles são de diferentes países: Haiti, Venezuela, Moçambique e Congo. A nossa lavagem é ecológica e, sendo um negócio social, todo o nosso lucro retorna ao projeto”, explica em entrevista ao Catraca Livre.

O professor haitiano Jules Formond, de 25 anos, é um dos funcionários. Após chegar ao Brasil no ano passado, o imigrante trabalhou durante alguns meses com colocação de janelas e também como pintor. “Por causa da crise econômica, comecei a ter dificuldades para conseguir emprego”, conta.

Quando conheceu o Estou Refugiado, Jules teve a oportunidade de trabalhar no lava-rápido e conseguiu uma fonte de renda. “Agora, estou estudando para o Enem. Quero estudar Engenharia Civil em alguma universidade”, diz o imigrante.

Os lavadores de carro são profissionais certificados pela Dry Wash. Além disso, todos os atendimentos são externos e feitos de bicicleta para não emitir gases na atmosfera e impactar o meio ambiente. A empresa faz lavagem a seco, enceramento, polimento e higienização de interiores.

“Ao usar o Kosukola, você estará oferecendo melhores condições de vida e mais dignidade a pessoas com status de refugiados ou imigrantes sem condições. Tanto diretamente, pois eles são remunerados pelo serviço, como indiretamente, ao fortalecer a luta para combater o preconceito”, ressalta o projeto.

Veja como solicitar o serviço do Kosukola:

  1. Agende um horário para o pessoal da Kosukola ir até sua garagem;
  2. No local, os refugiados limpam o veículo sem usar água ou tirá-lo da garagem;
  3. Em aproximadamente uma hora, o carro já está limpo.
  4. Para saber mais, clique aqui.

Estou Refugiado

A empresa social Planisfério, coordenada pela publicitária Luciana Maltchik Capobianco, inseriu por meio do seu projeto Estou Refugiado 300 pessoas no mercado formal em São Paulo nos últimos 2 anos. “Um número gratificante, pois não queremos fazer doações, queremos que o refugiado tenha garantido seu direito básico ao trabalho e ao emprego para poder sustentar sua família com dignidade”, relata.

A plataforma promove e estimula a divulgação de valores, ideias, propostas e conteúdos voltados à compreensão do problema dos refugiados no mundo, combatendo o preconceito e estimulando um processo de aceitação na sociedade.

Também desenvolve ações concretas de ajuda na busca de empregos e a criação de novos negócios para o refugiado. Todas as semanas, são publicados conteúdos nas mídias sociais como vídeos divulgando campanhas contra o preconceito, depoimentos de refugiados contratados e seus empregadores, videocurrículos em que os próprios refugiados apresentam suas qualificações profissionais e reportagens sobre as ações.

Uma das primeiras ações desenvolvidas foi um experimento social que usou o aplicativo Tinder para medir o nível de preconceito na sociedade. Foram criados dois perfis para o mesmo refugiado: um o apresentando como estrangeiro, com formação superior, radicado no Brasil e interessado em conhecer brasileiras; e, o outro, como refugiado, embora com as mesmas características do primeiro perfil.

O primeiro perfil atraiu cerca de 30 mulheres enquanto o segundo apenas 2. As reações aos perfis foram transformadas em um vídeo para discutir a questão do preconceito. Os resultados dessa primeira ação foram muito positivos: antes mesmo de sugerir qualquer ação, o projeto recebeu 40 ofertas espontâneas de emprego.