Marielle: página do site-fantasma contra Marielle saiu do ar

Catraca Livre já tinha mostrado a rede de sites-fantasmas que gira em torno do MBL

23/03/2018 07:27 / Atualizado em 25/03/2018 11:38

Com 106 mil seguidores, a página de Luciano Ayan no Facebook, suposto editor do site “Ceticismo Político”,  saiu do ar, por decisão do Facebook.

Carlos Afonso, que se apresenta como dono do Ceticismo Político.
Carlos Afonso, que se apresenta como dono do Ceticismo Político.

Ao percorrer a onda de mentiras contra Marielle Franco o jornal O Globo, apoiado em  dados colhidos pelo Laboratório de Estudos sobre Imagem e Cibercultura (Labic) da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) ,  encontrou uma peça fundamental que já tinha sido denunciada no ano passado pelo Catraca Livre : o site ceticismo político,  sem expediente nem fonte de contato, usado frequentemente como referência pelo MBL. Portanto, um site-fantasma.

Facebook, com 100 mil seguidores, de Luciano Ayan, supostamente editor do Ceticismo Político. Mas essa foto é de David Horowitz.
Facebook, com 100 mil seguidores, de Luciano Ayan, supostamente editor do Ceticismo Político. Mas essa foto é de David Horowitz.

Seu suposto editor Luciano Ayan é um mistério: não há nenhuma foto dele nem dados sobre sua vida em fontes confiáveis. O site é registrado na Dinamarca – portanto, é impossível rastrear seus verdadeiros donos.

Ataque do Ceticismo Político contra Dimenstein
Ataque do Ceticismo Político contra Dimenstein

Esse site foi, no ano passado, um dos núcleos de ataque contra o Catraca Livre, no geral, e seu fundador, Gilberto Dimenstein, em particular, quando investigamos as ações do MBL nas redes sociais, usando sites e perfis falsos. Para ver as ligações do site com o MBL basta fazer uma procura do Google. É uma infinidade de posts elogiando ou defendendo o MBL produzidos pelo Ceticismo Político.

Indício de ligação entre MBL e Ceticismo Político
Indício de ligação entre MBL e Ceticismo Político

Na imagem acima, vemos que, diante das revelações de O Globo, o Ceticismo Político,  postou ataques ao jornal e, um minuto depois já estava disseminado na página do MBL. Mais: o Ceticismo Político usou um email que fora enviado pelo O Globo ao MBL.

Site ataca jornal El País, que acusou o MBL de ajudar a propagar mentiras contra a vereadora.
Site ataca jornal El País, que acusou o MBL de ajudar a propagar mentiras contra a vereadora.

Mas o MBL afirma não conhecer Luciano Ayan. Ou seja, elas replicam há anos um site, a quem conferem crediblidade, sem nunca se perguntar quem é o editor. Ou mesmo se existe,

Ceticismo Político e MBL
Ceticismo Político e MBL
Ceticismo Político e MBL
Ceticismo Político e MBL
Ceticismo Político e MBL
Ceticismo Político e MBL
Ceticismo Político e MBL
Ceticismo Político e MBL

Mostramos o funcionamento do JornaLivre, que não tinha nome de editor nem expediente. Diante da pressão, “Roger Scar” assumiu a autoria. É uma rede que se alimenta, compartilhando  posts e perfis. Neste ano, o Ceticismo Político atacou duramente João Dória porque Dimenstein foi condecorado como a medalha Cidade de São Paulo – a mesma opinião foi compartilhada por sites que giram em torno do MBL.

Ceticismo Político defendendo o MBL
Ceticismo Político defendendo o MBL

O Ceticismo Político validou as opiniões da desembargadora Marília Neves contra Marielle Franco, acusando-a de vinculações com o crime organizado. O link foi compartilhado 360 mil vezes no Facebook, graças a essa dobradinha com o MBL.

Esse infográfico produzido pelo jornal O Globo mostra a rota das mentiras contra Marielle.
Esse infográfico produzido pelo jornal O Globo mostra a rota das mentiras contra Marielle.

Leia um trecho da matéria do O Globo:

Luciano Ayan tem o domínio ceticismopolitico.org desde novembro de 2017. O site está registrado por uma empresa com sede na Dinamarca, usada para manter oculto o nome verdadeiro do proprietário do domínio. Ayan já usou o artifício em outras ocasiões. Antes, ele manteve o Ceticismo Político com outro endereço — o ceticismopolitico.com. Na ocasião, o domínio estava registrado por uma empresa do Canadá, também usada para esconder o proprietário real do site.

A atuação de Ayan é motivo de controvérsia na internet antes mesmo da criação do Ceticismo Político. Em 2004, quando a rede social mais popular era o Orkut, Ayan era apontado como dono de comunidades que estimulavam polêmicas. Sem revelar a real identidade, Ayan também não exibe fotos em suas contas nas redes sociais. Além da página do Ceticismo Político no Facebook, que tem 105 mil seguidores, ele mantém o perfil Luciano Henrique Ayan, com cerca de 2,4 mil seguidores.

O GLOBO perguntou ao MBL por que o grupo publica conteúdos de Luciano Ayan mesmo alegando não conhecê-lo:

— Porque a gente prefere compartilhar o que bem entende e prefere acreditar na mídia independente do que no GLOBO — respondeu Renato Battista, um dos coordenadores do grupo.

Leia mais: https://oglobo.globo.com/rio/como-ganhou-corpo-onda-de-fake-news-sobre-marielle-franco-22518202#ixzz5AZfIEtOP
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Leia aqui a matéria completa do O Globo