Marielle Franco: mulher, negra, mãe, feminista e vereadora
Toda sua vida política foi dedicada à defesa dos direitos humanos e contra ações violentas nas favelas
Mulher, negra, feminista, mãe, socióloga, “cria da Maré” e defensora dos direitos humanos. Marielle Franco nasceu no Complexo da Maré, na zona norte do Rio de Janeiro, em 27 de julho de 1979. Em 2016, em sua primeira campanha, conquistou o mandato de vereadora na Câmara Municipal do Rio de Janeiro pelo PSOL. Com mais de 46 mil votos, ela foi a quinta mais votada em toda a cidade.
Após estudar no curso Pré-Vestibular Comunitário da Maré, Marielle se graduou, com bolsa integral, em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Durante a graduação, não se envolveu com movimentos estudantis por causa da falta de tempo, dividido entre estudos e trabalhos para sustentar a filha Luyara, que nasceu quando a vereadora tinha 19 anos.
Com a graduação em sociologia, Marielle se tornou professora e pesquisadora. Depois, fez mestrado em Administração Pública na Universidade Federal Fluminense (UFF).
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Toda sua vida política foi dedicada à defesa dos direitos humanos e contra ações violentas nas favelas. A luta foi intensificada em 2005, quando uma de suas amigas mais próximas morreu, vítima de bala perdida, durante um tiroteio entre policiais e traficantes na Maré.
Em 2006, Marielle integrou a equipe de campanha que elegeu Marcelo Freixo à Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj). Depois da posse dele como deputado, ela foi nomeada assessora parlamentar e ainda assumiu a coordenação da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da assembleia.
Há dois anos, ao ser eleita com 46.502 votos para o cargo de vereadora do Rio de Janeiro, pela coligação Mudar é possível (formada pelo PSOL e pelo PCB), ela declarou: “Fiquei muito feliz com essa votação expressiva porque eu acho que é uma resposta da cidade nas urnas para o que querem nos tirar, que é o debate das mulheres, da negritude e das favelas”.
Morta a tiros
A vereadora Marielle Franco foi assassinada na noite desta quarta-feira, dia 14, ao deixar um evento no centro do Rio de Janeiro. A parlamentar e o motorista morreram após serem baleados dentro de um carro. A suspeita é de execução.
A parlamentar havia participado de um evento no início da noite na rua dos Inválidos, na Lapa. Depois de sair do local, o carro em que estavam Marielle, o motorista e uma assessora passava pela rua Joaquim Paralhes, no Estácio, por volta das 21h30.
Um dia antes de ser assassinada, a vereadora publicou em sua conta no Twitter um desabafo sobre a criminalidade no Rio de Janeiro. “Mais um homicídio de um jovem que pode estar entrando para a conta da PM. Matheus Melo estava saindo da igreja. Quantos mais vão precisar morrer para que essa guerra acabe?”, escreveu na terça-feira, dia 13, em referência à morte de um jovem no Jacarezinho, na segunda, dia 12.
Em nota, o PSOL se manifestou sobre o crime. Leia abaixo:
“O Partido Socialismo e Liberdade vem a público manifestar seu pesar diante do assassinato da vereadora Marielle Franco e de Anderson Pedro Gomes, motorista que a acompanhava.
Estamos ao lado dos familiares, amigos, assessores e dirigentes partidários do PSOL/RJ nesse momento de dor e indignação. A atuação de Marielle como vereadora e ativista dos direitos humanos orgulha toda a militância do PSOL e será honrada na continuidade de sua luta. Não podemos descartar a hipótese de crime político, ou seja, uma execução. Marielle tinha acabado de denunciar a ação brutal e truculenta da PM na região do Irajá, na comunidade de Acari. Além disso, as características do crime com um carro emparelhando com o veículo onde estava a vereadora, efetuando muitos disparos e fugindo em seguida reforçam essa possibilidade. Por isso, exigimos apuração imediata e rigorosa desse crime hediondo. Não nos calaremos!
Marielle, presente!”
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