Eleições: MC Carol lança candidatura a deputada pelo PCdoB
"Conversei muito com a Marielle e com a Talíria Petrone sobre isso e quero ajudar na luta do feminismo contra o machismo", revelou MC Carol, pré-candidata à deputada estadual
Inspirada pela força e legado deixado pela vereadora Marielle Franco, assassinada no dia 14 de março, a funkeira MC Carol anunciou a pré-candidatura ao cargo de deputada estadual do Rio de Janeiro.
Filiada ao PC do B, a cantora de 24 anos disse em entrevista ao jornal O Globo que, se eleita, concentrará sua atuação política na defesa dos direitos da mulher. E justificou o motivo: “Conversei muito com a Marielle e com a Talíria Petrone sobre isso e quero ajudar na luta do feminismo contra o machismo. É só você ligar a TV que vê o tempo todo morte de mulher. A mulher vai lá, faz dez queixas e não acontece nada. Aí o cara acaba matando ela”.
Em dezembro do ano passado, Carol recebeu as duas vereadores em sua casa, em Niterói (RJ). Desse encontro, nasceu a ideia da candidatura. “Eu fiquei mais confiante depois de conversar com elas. O fato dela ter saído da favela, como eu, e ter conseguido entrar na política me animou”.
Além disso, outro motivo que a influenciou a tentar carreira política foi a agressão sofrida no último dia 8 de abril, quando o ex-namorado pulou o muro de sua residência, com uma faca, para agredi-la. “Hoje pela primeira vez apanhei de um homem. Hoje pela primeira vez consegui lutar com um homem com um facão na mão. 4h da manhã meu ex pulou a cerca elétrica e tentou me matou de facão. E o álibi dele é que eu estava postando vídeos e fotos na piscina! Se eu sinto vergonha? Não. Porque a gente nunca sabe o bicho disfarçado que pode entrar na nossa vida! Denuncie sempre!”, escreveu a cantora na época.
Quando foi à Polícia Civil apresentar a denúncia, foi obrigada a registrar o caso como lesão corporal – e não por tentativa de homicídio, levando-se em conta que o agressor estava com um facão. “A morte da Marielle me desmotivou muito, muito, muito, muito. Eu ainda estou muito chocada do jeito que foi. Ela era um exemplo, e isso me desmotivou muito. Aí aconteceu essa tragédia comigo, a agressão que sofri, o que me motivou muito mais. Eu vou usar isso como combustível, sabe?’.
Futuro do país
Além das questões inerentes ao feminismo, Carol ressaltou que voltará suas atenções aos problemas que envolvem as crianças das favelas. Neste caminho, destacou a importância de projetos esportivos nas comunidades, comparando a realidade de sua infância com a realidade das crianças de hoje.
A MC afirmou que também voltará o seu eventual mandato para os problemas das crianças de comunidades. Ela lembra que, mais nova, encontrou diversos projetos de esportes na comunidade onde cresceu, Preventório, no bairro de Charitas, em Niterói. Hoje, vê que o sobrinho de 11 anos passa o dia jogando sinuca num bar. “Não tem mais nada para as crianças fazerem na comunidade. Aí fica no bar e daqui a pouco está bebendo, se drogando”.
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