Médico acusado de maus-tratos é nomeado à Coordenação de Saúde Mental; petição pede cancelamento
Acusado por abandono e maus-tratos, Valencious Wurch esteve à frente do maior manicômio da América Latina, fechado em 2012 após inúmeras denúncias
Por dez anos, Valencius Wurch foi diretor da Casa de Saúde Dr. Eiras, o maior manicômio da América Latina, localizado no Rio de Janeiro e fechado em 2012, após série de denúncias sobre as condições sub-humanas em que vivam os internos. Durante sua gestão, foi acusado inúmeras vezes de abandono e maus-tratos.
Em 1995, durante entrevista ao jornal do Brasil, o psiquiatra afirmou ser contra a Lei Paulo Delgado, que previa a garantia de direitos aos portadores de transtorno psíquico no país – segundo ele, tirar as pessoas dos manicômios se resumia à decisão meramente “ideológica”. Hoje, Valencius Wurch é nomeado à Coordenação Nacional de Saúde Mental.
Petição on-line pede revogação; saiba como contribuir
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Apesar disso, foi criada uma petição, assinada por entidades e movimentos sociais organizados que lutam pela Saúde Mental para pedir a revogação do título indicado a Wurch.
A carta justifica sua posição sob o seguinte argumento:”Alegamos que este senhor não representa a atual política de saúde mental do país conquistada e fundamentada em diversas leis e resoluções. Sua nomeação é uma afronta à Constituição e aos princípios da cidadania resguardados pela Reforma Psiquiátrica”.
Confira o texto na íntegra e saiba mais sobre a petição acessando aqui:
”O Sr. Valencious é ex diretor da Casa de Saúde Dr. Eiras, o maior hospício da América Latina. O manicômio Dr. Eiras, localizado no Rio de Janeiro, foi fechado em 2012, dois anos depois de ordem da justiça para que as atividades no local fossem encerradas devido a uma série de denúncias das condições sub humanadas em que os internos viviam. Valencius Wurch dirigiu o local por dez anos, denunciado inúmeras vezes por abandono e maus tratos.
Em maio e agosto de 2000, o Ministério da Saúde produziu auditorias que descreveram um quadro de ‘casa dos horrores’, negado pela Casa de Saúde Dr. Eiras. Uma caravana da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados igualmente criticou o manicômio. Em 2001, a Secretaria de Estado de Saúde proibiu novas internações – havia pouco mais de 1.500 pacientes -, assumiu a gestão das verbas do SUS (Sistema Único de Saúde) destinadas à Casa de Saúde Dr. Eiras (R$ 13 milhões em 2000) e promoveu um censo com uma série de denúncias ao local.
Como se não bastasse seu histórico profissional, o psiquiatra Wurch, também declarou em entrevista ao Jornal do Brasil, em 1995, que era contra a Lei Paulo Delgado – Lei que garante os direitos aos portadores de transtorno psíquico no Brasil – e que tirar as pessoas dos manicômios era algo meramente “ideológico”.”
Pedimos para que sua amizade com o sr. Valencious não interfira em algo tão delicado que é a saúde mental. Pedimos que confie nesta petição como a voz dos profissionais da área que pedem RESPEITO a Reforma Psiquiátrica”.