‘Minha convicção é que houve estupro’, diz delegada que investiga estupro coletivo no RJ

Dois suspeitos do caso de estupro já estão presos

30/05/2016 15:55

A delegada Cristiana Bento, titular da Delegacia da Criança e Adolescente Vítima (DCAV), disse nesta segunda-feira, dia 30, durante coletiva na Cidade da Polícia, no Jacarezinho, zona norte do Rio de Janeiro, não ter dúvidas de que a jovem de 16 anos foi vítima de um estupro coletivo. A adolescente denunciou o crime e afirmou ter sido violentada por 33 homens.

Mais cedo, em uma conversa de WhatsApp obtida pelo EXTRA, o delegado Alessando Thiers, titular da Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI), declarou ter certeza de que o estupro não aconteceu. Ele foi afastado das investigações e substituído por Cristiana.

“Nos crimes sexuais, o exame de corpo de delito é importante, mas não determinante para o fato. No caso dessa menina, se ela estava desacordada, não vão ter lesão, porque ela não ofereceu resistência”, explicou a delegada que assumiu o caso.

A jovem afirmou ter sido violentada por 33 homens
A jovem afirmou ter sido violentada por 33 homens

“A minha convicção é de que houve estupro, porque há o vídeo, além do depoimento da vítima. O que é preciso esclarecer é a extensão desse estupro. A gente quer verificar quantas pessoas praticaram esse crime. Mas que houve, houve”, completou Cristiana.

A declaração da delegada foi reforçada por Adriane Rego, do Instituto Médico Legal. A perita disse que o fato de não haver vestígios não significa que não houve crime: “Nem sempre, quando há crime sexual, o exame será determinante”.

Segundo o laudo da perícia sobre o caso, a demora em fazer o exame foi determinante para que não fossem encontrados indícios de violência. Ela foi examinada quatro dias depois do crime.

O estupro coletivo ocorreu há cerca de uma semana, no morro São José Operário, em Jacarepaguá, na zona oeste do Rio. Na última quinta-feira, dia 25, um vídeo mostrando cenas do crime foi divulgado nas redes sociais por um dos homens que participaram do caso e teve grande repercussão midiática.

Polícia Civil faz operação para prender suspeitos de estupro

Nesta segunda-feira, a Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima (DCAV) deflagrou uma operação para cumprir seis mandados de prisão e de busca e apreensão na investigação do estupro sofrido pela jovem no último dia 21.

Raí de Souza, um dos suspeitos de ter participado do crime, se apresentou aos policiais e já foi preso.

O jogador Lucas Perdomo Duarte Santos, de 20 anos, também foi preso pela Polícia Civil do Rio de Janeiro na tarde desta segunda-feira. O jovem, meia do Boavista, teve prisão preventiva pedida devido à acusação de participação no estupro coletivo. O advogado do suspeito havia afirmado que ele se entregaria hoje à DCAV.

Um dos seis suspeitos do crime já foi preso
Um dos seis suspeitos do crime já foi preso

“A prisão temporária foi decretada para determinar quantas pessoas praticaram esse crime. Mas que houve, houve”, disse a delegada Cristiana Bento. Entre os crimes, estão estupro de vulnerável, produzir cenas de sexo com menor de idade e distribuí-la, desrespeitando o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente).

Outros quatro homens estão sendo procurados. São eles: Sérgio Luiz da Silva Júnior, conhecido como Da Russa; Marcelo Miranda da Cruz Correa; Raphael Assis Duarte Belo e Michel Brasil da Silva.

Vítima deve se mudar do RJ

A subsecretária de Direitos Humanos do Rio, Andrea Sepulveda, afirmou nesta segunda-feira, dia 30, que a adolescente deve se mudar de Estado, após a pasta detectar “ameaça gravíssima”. A informação foi confirmada em entrevista coletiva no início da tarde.

Segundo Sepulveda, a decisão precisa ter o aval da família, que já se mostrou disposta a “começar uma nova vida”. A jovem já conta com apoio psicológico e será recebida por uma profissional da área ao longo da tarde.

A comissão responsável por avaliar os riscos sofridos pela garota de 16 anos conta, além da própria secretaria, com a delegada responsável pela investigação.