Ministério de Temer faz Brasil cair 22 posições em ranking de igualdade de gênero
Sem a presença de mulheres nos cargos de comando, o ministério do presidente em exercício Michel Temer pode fazer o Brasil regredir 22 posições no ranking de igualdade de gênero do Forum Econômico Mundial, conhecido como Índice Global de Desigualdade Gênero. Publicada anualmente, a lista deve ser divulgada no segundo semestre deste ano.
A BBC Brasil pediu para a organização calcular o impacto imediato que um gabinete formado apenas por homens pode causar em relação à posição do Brasil no ranking. De acordo com a análise, o país cairia da 85ª posição para a 107ª no cômputo geral.
Caso todos os outros parâmetros se mantivessem estáveis, “somente a mudança no gabinete faria a posição do Brasil despencar de 85 para 107 dentre os 145 países, e no nosso sub-índice de Empoderamento Político de 89 para 139”, afirmou Saadia Zahidi, chefe para Iniciativas de Gênero e Emprego do Fórum.
O Índice Global de Desigualdade usa dados de pesquisas de percepção e de análises de várias organizações internacionais, como a Organização Internacional do Trabalho, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento e a Organização Mundial da Saúde, com o objetivo de avaliar a situação das mulheres na sociedade.
Quando anunciou seu gabinete, Temer foi criticado pela ausência de mulheres. Muitas personalidades foram sondadas para assumirem a pasta da Cultura – “rebaixada” à secretaria – e teriam se recusado a ocupar a posição. Com o status de Ministério de volta, o cargo acabou sendo assumido por Marcelo Calero.
Entre as poucas mulheres que acabaram com cargos importantes no governo, os destaques são a executiva Maria Silvia Bastos, ex-presidente da Companhia Siderúrgica Nacional, e agora comandante do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a Chefe do Gabinete Presidencial, Nara de Deus, e a Secretária de Direitos Humanos, Flávia Piovesan.
Histórico de mulheres nos ministérios
O general João Figueiredo (1979-1985) indicou a primeira ministra do Brasil – Esther Ferraz, que comandou a pasta de Educação e Cultura entre 1982 e 1985.
Depois dele, todos os presidentes nomearam mulheres. José Sarney (1985-1990) indicou uma. Fernando Collor (1990-1992), Itamar Franco (1992-1995) e Fernando Henrique Cardoso (1995-2003) indicaram duas cada um.
Já Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2011) teve 11 ministras. Durante o governo de Dilma Rousseff, a participação feminina foi mais abundante: foram 15 ministras.