‘Não quero queimar sutiãs. Gosto de sutiãs’, diz Juliana Paes
Em entrevista à VEJA, Juliana Paes atacou o que considera "excessos" do feminismo
Juliana Paes diz não ser feminista, mas feminina. Em entrevista à revista VEJA, publicada na semana passada, a atriz criticou o “radicalismo” do feminismo e falou sobre a relação do movimento que pede igualdade de gênero com seu novo trabalho na TV Globo.
Com estreia nesta segunda-feira (3), a próxima novela das 9, “A Força do Querer”, traz o nome da atriz como um dos protagonistas. Sua personagem, a Bibi, entra para o crime por amor ao marido e vira líder do tráfico.
“É delicado porque, numa época em que falamos de empoderamento feminino, essas mulheres têm um pseudopoder totalmente atrelado aos homens com os quais se relacionam. É tudo que deveria causar ojeriza nas feministas”, afirma Juliana.
Na reportagem intitulada “A angústia de ser gostosa”, ela diz achar errado “esse desejo de igualdade com os homens a todo custo.”
“Somos tão competentes e valiosas quanto eles, mas não iguais. A mulher precisa de mais tempo para se recuperar de uma gravidez, e há outras questões que permeiam nosso universo. A sensibilidade, o lúdico, o caminho da ponderação, o afeto nas relações de trabalho – tudo que faz parte do universo feminino e matriarcal deve ser respeitado.”
Para a atriz, as mulheres têm maior sensibilidade e afeto nas relações trabalhistas. “Vou explicar melhor. Muitas vezes, em ambiente fortemente masculinos, vemos as pessoas questionar: será que a mulher vai ter pulso para um cargo de comando? Creio que a mulher é capaz de encarar papéis de chefia em lugares masculinos, sim. Mas talvez se deva valorizar mais sua sensibilidade para lidar com tanta testosterona. Entende o que quero dizer? Elas oferecem afeto como antídoto para lidar com a frieza do mundo do business.”
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Ela diz ainda que as feministas erram ao não respeitar o que ela considera características inerentes à mulher. “Não quero queimar sutiãs. Gosto de sutiãs! Não quero quebrar saltos de sapato em busca de liberdade. Gosto de me enfeitar, e nós, mulheres, não fazemos isso para o macho. Fazemos porque dá prazer cuidar de si e cuidar do outro. Sou uma feminista de saia, sutiã, salto alto e batom vermelho.”
Interpretação equivocada
A entrevista da atriz cedida à VEJA teve uma grande repercussão na internet. Principalmente porque, na opinião de feministas, Juliana Paes tem uma visão totalmente distorcida do que é o feminismo.
Por definição, o feminismo tem como objetivo conquistar o acesso a direitos iguais entre homens e mulheres.
Portanto, ao contrário do que a atriz diz na entrevista, feministas não são contra mulheres se arrumarem, tampouco pregam a falta de intuição ou a desvalorização do “universo feminino”. O movimento, na verdade, envolve todas essas diferenças e escolhas individuais de cada mulher para que todas desfrutem a igualdade de direitos.
“Não a julgo, ao contrário, espero que entenda o quão privilegiada é a ponto de inclusive poder não enxergar que todos os dias milhares de mulheres morrem, são violentadas, não possuem oportunidades, são exploradas inclusive por outras mulheres. As que são pobres e reproduzem sentem na pele, são vítimas do próprio discurso. As ricas, raramente são. Muitas se protegem na solidariedade de classe e racial com homens ricos brancos”, opinou a filósofa Djamila Ribeiro no Facebook.
Veja a repercussão da entrevista no Twitter:
https://twitter.com/teentitwns/status/848652875068735489
https://twitter.com/brightbrowneyed/status/848732201080541187
https://twitter.com/izabellipinto/status/848914511847460865
https://twitter.com/camfwels/status/848832702455451648
https://twitter.com/rafaelasantz/status/848642537724276738
https://twitter.com/beamotts/status/848158085080395776