No país de Bolsonaro, casos de estupro aumentam 87% de 2009 a 2012
Manifestações nas redes sociais reacendem debate sobre a violência contra a mulher
Em um dos países onde se mais pratica violência contra a mulher no mundo, o número de ocorrências de estupro aumentou 87% segundo o Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública entre 2009 e 2012. Os dados apontam para uma tendência desse tipo de crime no Brasil, que no ano passado registrou ao menos 50 mil casos de abuso sexual. Número que pode ser ainda maior já que somente 35% das vítimas registram queixa na polícia.
Para entender a conta, a pesquisa leva em consideração as agressões a cada 100 mil habitantes. Em 2009 foram 13 casos por 100 mil habitantes. Três anos depois, a taxa chegou a 24,9/100, num total de 47 mil estupros.
Entre os lugares com mais casos de violência, o Amapá está em primeiro lugar com 57/100 mil habitantes. Enquanto o Acre registra as menores taxas: 0,26, à frente da Paraíba, com 8,8.
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Humor pra quem?
Em um momento onde o debate sobre a violência contra a mulher ganha destaque em todo país após a declaração de Jair Bolsonaro (ao dizer que não estupraria a deputada Maria do Carmo porque ela não merecia), inúmeras manifestações fizeram das redes sociais um campo de reflexão sobre o caso.
Como o carioca Diego Bellizzi que quis usar “humor” para discutir a questão. Em apoio ao deputado do Partido Progressista, ele postou uma foto com uma placa que dizia: “Eu estupraria a Maria do Rosário… mas com os dedos, porque com aquela cara nem com viagra na veia”
Rapidamente repercutida nas redes sociais, a postagem sofreu fortes críticas até que o jovem deletou a imagem. Inclusive a própria deputada Maria do Carmo que divulgou em seu twitter “Vejam isso. Quem para isso agora contra cada uma das mulheres do Brasil? Isso tem que parar!”.
Após ser afastado do emprego e deletar a conta no Facebook, Diego voltou às redes sociais para justificar sua ação em um vídeo de 12 minutos, reafirmando que “tentou fazer humor, mas não deu muito certo”.
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Castração Química: Bolsonaro deveria ser castrado ?
Jair Bolsonaro, que hoje protagoniza um dos maiores episódios públicos de desrespeito aos direitos da mulher, em 2013 foi responsável por um projeto de lei polêmico. Na proposta, a acusados de crime de estupro seriam submetidos à castração química.
No Brasil há um número específico para receber esse tipo de denúncia,180, a Central de Atendimento à Mulher. O serviço funciona 24 horas por dia, todos os dias do ano e a ligação é gratuita. Há atendentes capacitados em questões de gênero, políticas públicas para as mulheres, nas orientações sobre o enfrentamento à violência e, principalmente, na forma de receber a denúncia e acolher as mulheres.
O Conselho Nacional de Justiça do Brasil recomenda ainda que as mulheres que sofram algum tipo de violência procurem uma delegacia, de preferência as Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (DEAM), também chamadas de Delegacias da Mulher. Há também os serviços que funcionam em hospitais e universidades e que oferecem atendimento médico, assistência psicossocial e orientação jurídica.
A mulher que sofreu violência pode ainda procurar ajuda nas Defensorias Públicas e Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, nos Conselhos Estaduais dos Direitos das Mulheres e nos centros de referência de atendimento a mulheres.
Se for registrar a ocorrência na delegacia, é importante contar tudo em detalhes e levar testemunhas, se houver, ou indicar o nome e endereço delas. Se a mulher achar que a sua vida ou a de seus familiares (filhos, pais etc.) está em risco, ela pode também procurar ajuda em serviços que mantêm casas-abrigo, que são moradias em local secreto onde a mulher e os filhos podem ficar afastados do agressor.