ONG denuncia situação de abrigos para pessoas com deficiência
O relatório foi feito pela Human Rights Watch
Um relatório divulgado pela ONG Human Rights Watch nesta quarta-feira, dia 23, denuncia as condições de vida e o tratamento a pessoas com deficiência em instituições do Brasil. O documento alerta para a falta de apoio público e de fiscalização nos abrigos que recebem quem tem mobilidade e sentidos reduzidos ou sofre de distúrbios psicossociais.
“Eles ficam até morrer”, disse o diretor de um desses locais, frase que deu nome ao relatório. Para fazer o levantamento, 19 abrigos foram visitados no Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia e Distrito Federal, entre novembro de 2016 e março de 2018.
Na maior parte das instituições, pesquisadores encontraram uma situação degradante, como adultos e crianças amarrados a camas, passando o dia todo sem estímulos que os permitam buscar uma vida com independência. Além disso, eles destacaram o grande número de pessoas dividindo o mesmo espaço, e a falta de roupas e itens de higiene de cada interno.
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Segundo a organização, o que mais surpreendeu foi o uso recorrente de medicamentos sem prescrição terapêutica, somente para “acalmar” internos mais agressivos e os manterem dopados. “Às vezes usamos camisa de força e colocamos as pessoas em um cômodo de isolamento para se acalmarem”, relatou um funcionário.
A Human Rights Watch também constatou que muitos funcionários não eram preparados para lidar com crianças e adultos que têm algum tipo de deficiência, o que pode agravar o estado de saúde dos internos.
“Em várias instituições, a Human Rights Watch documentou abusos, incluindo maus-tratos, negligência, uso de restrições para controlar ou punir os residentes, sedação, bem como condições desumanas e degradantes. As condições e o tratamento foram particularmente abusivos nas instituições com número elevado de pessoas com necessidade de apoio intensivo”, diz o texto.
Em um dos abrigos visitados, os internos usavam fraldas e não saíam das camas para ir ao banheiro. “Funcionários de uma instituição disseram que as fraldas estavam em falta e contavam com apenas duas fraldas para adultos ou crianças por dia. Como resultado, alguns residentes tinham que permanecer com fraldas sujas por longos períodos”, conta outro trecho.
Assista ao vídeo abaixo:
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