Palestra sobre sexualidade gera revolta nas redes sociais
Palestra, que será realizada em Belo Horizonte nesta quinta-feira, 24, tem como tema: "prevenir e reverter a homossexualidade" e causou polêmica entre público LGBT e profissionais de psicopedagogia
“Para ‘aprender a virar homem’, Alex Medeiros, de oito anos, era espancado sucessivamente até que, certo dia, as pancadas do pai dilaceraram o fígado da criança, levando-a óbito” – Jornal O Globo , 5 de março de 2014.
“Garota é encontrada morta em Goiás; pai e irmãos da namorada dela estão detidos” – Jornal O Globo, 6 de abril de 2011
“Assassinato de estudante negro e gay no Rio escancara intolerância na universidade” – El País, 7 de julho de 2016
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O Brasil carrega a bandeira da intolerância. E não nega. Nas estatísticas, estão os números da homofobia, que, a cada 28 horas, faz uma nova vítima. É também o país que mais mata transexuais e travestis em todo o mundo.
Se em tempos extremos, mensagens de ódio ganham as ruas, a TV, o culto ou a missa, faz-se necessário o questionamento: até quando aceitaremos crimes de intolerância?
Em Belo Horizonte, a realização de um evento intitulado “Palestra sobre Sexualidade – Como prevenir e reverter a homossexualidade” – chama atenção para uma problemática cada vez mais presente no imaginário popular brasileiro: o envolvimento de determinados discursos religiosos em temas como aborto, legalização das drogas e, sobretudo, sexualidade.
A palestra, organizada pela Igreja Batista Getsêmani Portugal, logo causou revolta nas redes sociais, motivando, mais uma vez, um pertinente debate sobre os limites da religião e sua influência na cenário de violência que assola a população LGBT no país. Em entrevista ao site Bhaz, a presidente da Associação Brasileira de Psicopedagogia, Regina Rosa Leal, repudiou a realização do evento:
“Não a reconhecemos como psicopedagoga porque ela não está na lista de associados na entidade em Minas nem mesmo na nacional. Somos contrários a qualquer tipo de discriminação de qualquer natureza, sobretudo a de gênero. É um absurdo o que ela está propondo e está usando indevidamente o nome da psicopedagogia, profissão pela qual lutamos há 35 anos. Ela deve ser denunciada e recriminada”.
Conselho federal de psicologia reforça compromisso contra a homofobia
Ainda de acordo com resolução de 1999, do conselho federal de psicologia, “Os psicólogos não colaborarão com eventos e serviços que proponham tratamento e cura das homossexualidades”. No mesmo documento, o texto reforça o comprometimento dos profissionais da área com o fim de práticas que promovam preconceito:
“ Os psicólogos deverão contribuir, com seu conhecimento, para uma reflexão sobre o preconceito e o desaparecimento de discriminações e estigmatizações contra aqueles que apresentam comportamentos ou práticas homoeróticas”.
Apesar da polêmica, a palestra de Isildinha Muradas será realizada na próxima quinta-feira, 24, na Igreja Batista Getsênami, às 19h30.