Pedido de internação cita médicos que não foram consultados

Praça Princesa Isabel, no centro de São Paulo

De acordo com reportagem da Folha, a Prefeitura de São Paulo usou como justificativa para o pedido de internação forçada de usuários de drogas à Justiça a opinião de três especialistas dadas em duas reportagens, uma de 2011 e outra de 2013.

A ação civil pública cita o psiquiatra Arthur Guerra, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e coordenador do Programa do Grupo Interdisciplinar de Estudos de Álcool e Drogas do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, o psiquiatra Ronaldo Laranjeira, professor da Unifesp e diretor do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Políticas Públicas do Álcool e outras Drogas, e o médico Drauzio Varella.

Segundo a publicação, nenhum dos especialistas citados no pedido de João Doria foi consultado pela prefeitura para avaliar a aplicação da medida no caso de usuários da cracolândia, apesar de serem usados como exemplos de pessoas favoráveis à medida.

“Eu não defendo internação compulsória como política pública, isso é um absurdo completo. Eu nunca disse que acho que se resolve a cracolândia com internação compulsória”, afirmou Drauzio Varella. Segundo ele, esse tipo de tratamento só pode ser prescrito por médicos, a partir do estabelecimento de critérios que confirmem a incapacidade da pessoa tomar decisões por conta própria.

“Se eu dei essa entrevista [em 2013], eu nem lembro”, afirmou o psiquiatra Arthur Guerra. “Se eu estivesse viajando. Mas todo mundo consegue falar comigo, então pergunta minha opinião. Não precisa pegar lá de 2013”, afirmou. Para ele, a internação compulsória só deve ser usada em “situações raríssimas”.

Laranjeira, da Unifesp, confirmou que não foi procurado pela prefeitura.

Segundo a assessoria da prefeitura, o pedido não usa apenas frases, uma vez que também anexou as reportagens completas ao pedido. “O texto buscou dar um contexto ao juiz, buscando para isso dar também um histórico do problema que assola a cidade há 20 anos”, informou.

No pedido, a prefeitura solicita autorização para “busca e apreensão das pessoas em estado de drogadição que estavam vagando pela cidade”. A ideia da gestão Doria é ter autorização para levar dependentes à força para avaliação médica.

“Eu não entendo, francamente, por que a prefeitura ou o governo têm que pedir autorização se esse é um procedimento médico. Pede autorização para o Ministério Público, isso já funciona assim e nunca teve problema dessa forma”, questionou Arthur Guerra.

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