Pegadinha homofóbica é execrada e espanta anunciantes na França

Um programa exibiu uma “pegadinha” na qual reforçou estereótipos relacionados a gays

O apresentador francês Cyril Hanouna

Ao contrário da televisão brasileira, que já demonstrou em mais de uma oportunidade ser homofóbica, uma atração da televisão francesa está sendo severamente condenada por ter agido de forma preconceituosa.

No último dia 18, o apresentador do programa “Touche Pas à Mon Poste”, Cyril Hanouna, decidiu fazer uma “pegadinha” que causou uma enxurrada de críticas devido o seu teor homofobico.

A produção do programa fez um anúncio falso, voltado para gays, em um site de relacionamentos. Na foto, um homem sem camisa que dizia, na descrição, ser “esportivo e super bem-dotado”. Havia também um telefone para contato.

Porém, as ligações foram feitas para o apresentador atender, ao vivo e em horário nobre. Enquanto o público da atração ri enquanto acompanha os diálogos (marcados por palavras obscenas, segundo o site RFI), Hanouna gesticula e fala ridicularizando homossexuais e reforçando diversos estereótipos.

Responsável pelo projeto de lei que, em 2013, aprovou o casamento gay no país, a ex-ministra da Justiça Christiane Taubira se manifestou:

“Podemos rir de tudo. Mas pisar em cima da dignidade alheia é outra coisa. Tolerar uma discriminação justifica todas as outras. #stophomofobia”.

Max Emerson, o modelo usado na imagem, disse que a sua imagem foi usada para humilhar as pessoas, segundo o mesmo site.

De acordo com uma associação que auxilia vítimas de homofobia, uma das pessoas que ligou para o anúncio falso acabou expulsa de casa após ser reconhecida.

O Conselho Superior do Audiovisual, que regula a programação de TV e rádio na França, afirmou que a pegadinha “chocou particularmente os telespectadores e as associações de defesa dos direitos LGBT”.

Anunciantes

Várias empresas informaram que não querem mais anunciar os seus produtos no programa.

Entre elas, a grife Chanel, a empresa de artigos esportivos Decathlon, a empresa de ferramentas Bosch e a operadora de telefonia Orange.

“É a maior punição. A sanção econômica do canal é sem dúvida algo que pode deter esses absurdos”, disse à RFI François Jost, professor de Comunicação da Universidade Sorbonne Nouvelle, em Paris.

“O incidente mostrou o progresso da nossa sociedade. Há 10 anos esse tipo de piada não teria provocado tanta desaprovação. Teria divertido alguns, e até alguns gays a teriam achado engraçada”, disse à mesma reportagem o editor Ilias Petalas.

https://www.youtube.com/watch?time_continue=17&v=fY0pR7qP1K8

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