Personagem racista do ‘Pânico na Band’ é criticado nas redes sociais
Nas últimas semanas, o “Pânico na Band” recebeu inúmeras críticas por fazer apologia ao racismo com o novo personagem “Africano”, vivido por Eduardo Sterblitch. O ator, que é branco, usa pintura preta para representar um negro – prática conhecida como “blackface” -, ridicularizando africanos e afrodescendentes com falas, gestos e danças ofensivas. Nas redes sociais, internautas repudiaram a atitude e planejam processar o programa.
No evento do Facebook, intitulado “Repúdio ao racismo do personagem Africano no Pânico na Band”, o público critica o preconceito e discute formas de tirar o personagem do ar. “Repudiamos a maneira nojenta em que retratam os povos da África a fim de intensificar o mito de que tudo que vem da Africa e todo seu povo não tem educação e merece gargalhadas de escárnio”, afirmam os organizadores da página.
O “Africano” integra o quadro “Pânico Chef”, paródia do reality show “Master Chef”. O personagem ridiculariza religiões de matriz africana e é apresentado como um ser primitivo. Na legenda de suas “funções” como cozinheiro, aparece a frase “planta e colhe”.
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Jornais africanos também criticaram o preconceito do programa, como o SeneWeb, de Senegal, que publicou neste domingo, 9, um vídeo com o personagem seguido do texto: “O Brasil é um país racista? Vejam como eles riem dos africanos!”.
*Atualização: Depois da repercussão negativa, o Pânico anunciou que o quadro “Africano” foi cancelado.
Para saber mais sobre o blackface, retomamos o tema aqui. Confira:
O blackface surgiu por volta de 1830, quando homens brancos se pintavam de preto – de forma caricata – e se apresentavam para a aristocracia branca com o objetivo de satirizar a população negra.
Anos depois, a prática ganhou popularidade nos cinemas e televisão, como ferramenta de entretenimento cultural. Contudo, como escreveu Djamila Ribeiro, do blog Escritório Feminista, o blackface “serve tanto como estereótipo racista quanto como forma de exclusão, porque se no primeiro caso ridiculariza, no segundo nega papéis a artistas negros”.