Quem dá a letra do seu Carnaval?
Por revista "Gênero e Número" e bloco Mulheres Rodadas
Se Aurora fosse sincera, o que ela diria do Carnaval? A festa linda, deslumbrante, diversa e de “todos os ritmos e cores” não passaria no mais simples teste da equidade de gênero. Aurora não cantou sobre isso, mas a revista “Gênero e Número” e o bloco Mulheres Rodadas abrem espaço para as mulheres falarem dos espaços de protagonismo que conquistaram na folia. Elas, por elas mesmas.
O ensaio “Quem dá a letra do seu Carnaval?” mostra as incríveis _ por vezes majestosas _ trajetórias de dez mulheres que vivem a cultura carnavalesca de fevereiro a fevereiro. Elas também dão a letra, embora ainda sejam minoria em espaços e em postos de liderança relacionados à festa, repetindo o que se vê em tantos outros redutos da cultura e de campos sociais. Para ter uma ideia, hoje, nos dois principais redutos das Escolas de Samba, Rio e São Paulo, somente 10% dos presidentes são mulheres. No Grupo Especial do Carnaval paulista, são três. No Rio, somente uma em 12 escolas.
Esta série convida foliões e não foliões a conhecer mulheres que vivem no Rio de Janeiro e que ocupam lugar de destaque na festa-símbolo do país. Nesta semana que antecede a folia, a cada dia, publicaremos no Catraca Livre os perfis dessas mulheres que desfilam, sambam, cantam e se purpurinam mas, antes de tudo, são mestras em fazer a festa acontecer.
Quem está no ensaio “Quem dá a letra do seu Carnaval?”
Alice Pereira – Musicista, multi-instrumentista e mulher transexual.
Aline Valentim – Bailarina, coreógrafa no Rio Maracatu e professora de dança.
Layana Thomaz – Estilista da Negoçada
Michele Krimer – Musicista, multi-instrumentista, cofundadora do Bloco Toco-Xona
Patrícia Santos – Advogada, musicista e carnavalesca
Raquel Poti – Acrobata, mãe, atriz e pernalta
Rita Fernandes – Presidenta de liga carnavalesca
Rosa Magalhães – Artista plástica, figurinista e carnavalesca
Sista Wolff – Musicista e ritmista de escola de samba
Thais Bezerra – Musicista, multi-instrumentista, educadora musical e carnavalesca
- A “Gênero e Número” é uma organização de mídia independente com foco em questões de gênero e em dados abertos que se propõe a construir narrativas e a promover diálogos entre grupos da sociedade visando a circulação contínua de informação qualificada, verificada e com potencial de contribuir para o avanço do debate sobre equidade de gênero. A revista web Gênero e Número pode ser acessada em www.generonumero.media. Nela, reportagens em vídeos, textos, além de infográficos e peças gráficas, contextualizam temas relevantes da agenda de direitos de mulheres e transexuais no Brasil e na América Latina.
- O Bloco Mulheres Rodadas é o primeiro bloco feminista do Carnaval carioca. Surgiu em 2015 como um protesto contra uma postagem machista feita na internet que dizia: “Não mereço mulher rodada”. No dia do cortejo, a Quarta-feira de Cinzas, mais de 3.000 pessoas, sobretudo mulheres, com fantasias e cartazes que remontavam aos temas do feminismo, estiveram no Largo do Machado, no Rio. O bloco participou da campanha “Perca a vergonha, mas não perca o respeito”, da ONU Mulheres, e integra o movimento #CarnavalSemAssédio. Contou com o apoio institucional da ONU Mulheres em seus dois desfiles e tem novamente a chancela da agência em 2017. Foi escolhido um dos melhores blocos de 2015 pelo jornal “O Globo”. O vídeo contra o assédio teve mais de 400 mil visualizações.
- A campanha #CarnavalSemAssédio está em seu segundo ano e tem como objetivo conscientizar as pessoas que paquerar, beijar e se divertir fazem parte da folia, mas há uma condição: é preciso respeitar a vontade das mulheres. Neste link, você pode acompanhar a campanha e baixar os materiais exclusivos!