Recepcionista é demitida e denuncia racismo em laboratório

As informações são da repórter Tatiana Farah, do 'BuzzFeed'

06/10/2017 17:43

Nesta terça-feira, 3, a recepcionista Mayara Oliveira, 25, foi demitida do laboratório Fleury e denunciou o racismo que sofreu por não poder trabalhar com seu cabelo Black Power solto. As informações são da repórter Tatiana Farah, do “BuzzFeed“.

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Posted by May Leonel on Wednesday, October 4, 2017

Em uma postagem no Facebook, Mayara conta que trabalhou seis meses na unidade Villa-Lobos do laboratório. “O que não me explicaram no dia da entrevista é que negras com cabelo Black Power não poderiam fazer parte da recepção, pois ‘os clientes Fleury são muito criteriosos’ e acham esse tipo de cabelo um absurdo, ‘chama muita atenção, né'”, escreveu.

Pelo tamanho do cabelo, ela explicou que, na teoria, poderia seguir a regra da empresa e usá-lo solto, mas isso não se aplicava ao seu caso. “A regra sempre foi muito clara: cabelos abaixo do ombro, presos. E acima do ombro, soltos, desde que não tenham franja. Mas isso não serve para a preta de black power. Fui obrigada sob ameaça de demissão a ir com ele ‘bem presinho, da forma mais discreta possível'”, completou.

Ainda em seu desabafo, a recepcionista contou que chegou a trabalhar seis meses na empresa e durante todo esse tempo ouvia diariamente piadas racistas. Ela tentou se adaptar as exigências e prendeu o cabelo em seus primeiros dias,  mas ao “BuzzFeed” confessou que por ser sensível, o cabelo começou a quebrar.

“Doía muito a minha cabeça. Comecei a amarrar de forma mais solta e chamaram minha atenção diversas vezes. Eu não aguentei. Chorei horrores. Acontece sempre na minha vida: alguém implicar com o meu cabelo”. Mayara disse que chegou a se queixar para seus superiores, mas ouvia que aquilo não era racismo, e sim “padrão”.

Em nota, o laboratório respondeu ao Catraca Livre que está apurando o caso por meio de sua ouvidoria. “O Grupo Fleury é uma instituição médica de 91 anos de existência, caracterizados por um comportamento rigorosamente ético e de respeito no relacionamento com todos que atuam na empresa e com as pessoas que procuram os seus serviços”.

“O quadro de colaboradores da empresa é marcado pela diversidade. É composto por 9 mil colaboradores, dos quais 80% são mulheres, sendo 51,3% negras ou pardas”.

Eles disseram ainda que o grupo “mantém um Canal de Ética e Conduta independente para apurar denúncias de práticas e posturas contrárias ao seu Código de Conduta, que veta qualquer ato discriminatório. Assim que o Grupo tomou conhecimento do relato de sua ex-colaboradora, iniciou, de forma imediata, apuração do caso que, enfatiza, não reflete em nenhuma medida o comportamento ético ao longo de sua trajetória de mais de nove décadas”.

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