Revista ‘Azmina’ quer dar voz a todas as belezas das mulheres
Uma revista feminina eletrônica gratuita que mostre todos os tipos de beleza das mulheres é a proposta do projeto “Azmina”.
Desenvolvida por um grupo de dez pessoas (nove mulheres, um homem) e idealizada pela jornalista Nana Queiroz, que criou o movimento “Eu não mereço ser estuprada” no ano passado, a revista traz uma proposta inovadora.
“Percebi que as mulheres no Brasil estão mais preparadas para uma visão mais crítica da feminilidade. Começamos a criticar ideias formadas há muito tempo, como se você usar uma roupa curta, tem o direito de ser assediada ou estuprada. Há um tempo, a brasileira não se questionaria sobre isso. Hoje, ela protesta”, afirma Nana.
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A diferença entre a mulher das ruas e a mulher das revistas femininas foi outro impulsionador para “Azmina”: “As revistas femininas não satisfazem mais as necessidades das mulheres. Nunca vou ter o corpo daquelas modelos, por isso aquelas roupas que estão usando nunca vão ficar bonitas em mim. Nunca tenho dinheiro pra pagar por aquelas peças. Eu não sujeitaria o meu corpo a tantos procedimentos e tantas dietas sem saúde que nem elas fazem. Quando olho ao redor, elas também não representam ninguém que eu conheço.”
Nana convidou então jornalistas e artistas para desenvolver uma revista que empodere a mulher e ofereça reportagens “com conteúdo que nos dê ferramentas para que nós possamos decidir quem queremos ser”.
Para um projeto inovador, um sistema de financiamento também diferente: a principal fonte de renda da revista será a doação de leitoras. “Com nosso modelo de financiamento colaborativo, esperamos desenvolver um jornalismo mais independente”, afirma Nana. “A gente se inspirou no modelo da Agência Pública: a pessoa paga pelo jornalismo que ela quer ver. Em dois dias de crowdfunding, já tivemos R$ 2.000.”
As reportagens virão de várias cidades do Brasil (São Paulo, Brasília e Belo Horizonte, por ora) e também de vários países, como Estados Unidos, Holanda, Alemanha, Peru e França. “A ideia é pegar jornalistas no maior número de locais possíveis, para que não tenhamos de pagar viagens, mas que as notícias chegassem aqui.”
“Na Finlândia, por exemplo, sabemos que eles fazem grupos parecidos com os dos alcoólicos anônimos para homens violentos. É uma maneira de não focar só nas vítimas, mas também no agressor, pois a vítima não é culpada pela violência. Queremos trazer essas experiências de outros lugares e poder ajudar muitas mulheres brasileiras a pensar sua própria realidade.”
A leitora que participar da campanha de arrecadação também pode fazer parte do Conselho Editorial da “Azmina” e participar de pesquisas sobre o conteúdo e o direcionamento da revista. Para participar do crowdfunding, basta clicar neste link.