Sobrevivente de Janaúba não quer ir à escola ‘porque lá tem fogo’

Subiu para 11 o número de mortos no incêndio ocorrido na creche em Janaúba, sendo nove crianças e dois adultos

09/10/2017 11:55

Amanda Carolina Dias, 16, a mãe do pequeno Pedro Lucas Dias, de 2 anos e 5 meses, contou ao repórter Felipe Resk, do “Estadão“, que desde que seu filho recebeu alta do hospital no sábado, dia 7, não para de repetir a frase: “Escola não, mamãe, lá tem fogo. Não fui eu, não”.

Ele está assim por conta do incêndio ocorrido na última quinta-feira, 5, na creche Gente Inocente, em Janaúba, Minas Gerais, depois que o vigia Damião Soares dos Santos, 50, entrou no local, colocou fogo nele, em crianças e funcionários.

Haviam 75 crianças e 17 funcionários na escola. Mais de 40 pessoas foram levadas para hospitais e até domingo, 8, 23 foram liberadas e outras 23 seguem internadas. Damião morreu horas depois.

Creche em Janaúba foi incendiada na última quinta-feira, 5
Creche em Janaúba foi incendiada na última quinta-feira, 5

A mãe de Pedro estava no colégio quando aconteceu o incêndio e disse que recebeu o aviso de suas colegas. “Eu pensei que tinha sido na cozinha do lado da sala dele. Fiquei com medo”. Chegando no local, Amanda não encontrou o filho pois já tinha sido socorrido.

À reportagem do “Estadão”, ela descreveu a cena como uma tragédia: correria, crianças e adultos machucados, policias bloqueando a passagem e equipes de resgate transportando as vítimas. “Alguém conseguiu tirar meu filho de lá de dentro, Graças a Deus”, disse a estudante, contando também que seu filho viu um dos coleguinhas com os braços em chamas e não consegue esquecer a cena. “Ele fica falando que não quer ir para a escola, porque lá tem fogo”.

Chega a 11 o número de mortos no incêndio

Na madrugada desta segunda-feira, 9, morreu Matheus Felipe Rocha dos Santos, um garoto de 5 anos, que estava na Creche Gente Inocente, em Janaúba (MG), no Hospital de Pronto Socorro João XXIII, em Belo Horizonte. Com isso, sobe para 11 o número de mortos, sendo nove crianças e dois adultos. As informações são do “G1“.

A diretora da escola, Aline Cristina Mendes Santos, contou à emissora “TV Globo” que “Ele [o vigia da creche] bateu no portão e perguntou se eu estava lá. Aí eu falei: ‘Oi, seu Damião. O senhor melhorou?’. Ele estava pálido. Aí dentro [da sala de aula] ele foi tirando a tampa, muito rápido, tirando o fósforo do bolso pra pôr fogo. Eu saí correndo pra dentro do banheiro com algumas crianças que conseguiram correr. Eu pedia socorro e ninguém me ouvia… Então eu peguei na mão das crianças e eu falei pra eles: ‘Nós vamos correr porque ninguém vai nos ouvir'”, relembrou.

Professora que morreu recebe homenagem

O presidente Michel Temer concedeu à professora Heley Batista, 43, a Ordem Nacional do Mérito, depois de seu falecimento na quinta-feira, 5, salvando várias crianças do incêndio provocado pelo vigia e ter 90% do corpo queimado.

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