Torcida abre bandeira LGBT em jogo e pede desculpa por homofobia

19/05/2017 19:56

Bandeira símbolo do movimento LGBT é estendida pela torcida do Paysandu
Bandeira símbolo do movimento LGBT é estendida pela torcida do Paysandu

A provocação homofóbica entre torcedores de times rivais, infelizmente, não é nada incomum nos estádios ao redor do Brasil. Quem frequenta as partidas sempre acaba gritando ou ouvindo “ofensas” como “bicha”, “gay” e “viado” vindo de torcedores adversários.

Esse comportamento não era estranho ao clássico Remo x Paysandu, em Belém, no Pará, por exemplo. Mas a prática está mudando. No final de abril, a Banda Alma Celeste, uma torcida organizada do Paysandu que costuma ocupar um do setores mais populares da arquibancada bicolor no estádio do Mangueirão, lançou uma nota oficial abolindo o canto “O Leão é gay“,  bastante utilizada pelos torcedores do time para hostilizar os do Remo. A torcida fez ainda um pedido de desculpas pelo  comportamento homofóbico. As informações são do UOL.

“Erramos durante vários anos”, diz a nota, “propagando cantos homofóbicos disfarçados de rivalidade. Em decisão tomada em uma das nossas reuniões mensais, viemos comunicar que músicas e manifestações de cunho racial/homofóbico estão extintas do nosso repertório, entre elas a famosa música que chama o mascote do rival de gay”.

Confira a postagem:

A postagem da Banda Alma Celeste gerou uma série de outras atitudes à favor da diversidade no estado. O governo do Pará, que patrocina o campeonato estadual, fez uma ação de marketing antes do clássico Remo x Paysandu que decidiu o título. Os jogadores dos dois times entraram em campo com uma camiseta que pedia respeito à diversidade, enquanto as animadoras de torcida desfilaram pelo gramado com uma bandeira do orgulho LGBT de nove metros quadrados.

Em um jogo contra o Santos, pela Copa do Brasil, a torcida da Paysandu decidiu atender um pedido do governo do Pará e abriu a bandeira do arco-íris no meio da arquibancada, gerando controvérsia entre os próprios torcedores e os do time rival.

“A gente sabia que o gesto não seria unanimidade, mas era importante fazer isso para começar uma discussão e uma reeducação”, disse Fidélis Neto, um dos membros da torcida, ao UOL. “Muita gente reagiu irada, fez ameaças. O futebol é um ambiente machista, homofóbico, e isso se refletia no nosso próprio comportamento, mas essa reflexão tem que começar de algum lugar.”

Que mais ações assim surjam e os estádios se tornem um ambiente aberto à diversidade.

Confira a campanha lançada pelo governo do Pará:

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