UFRJ divulga dossiê sobre assassinato de lésbicas no Brasil
Por Juliana Gonçalves, do "The Intercept"
Ana Mickaelly foi morta a facadas pelo sogro ao pedir a namorada em casamento. No ano passado, as namoradas Meiryhellen Bandeira e Emilly Pereira foram assassinadas a tiros por um vizinho que não aprovava a relação. Luana Barbosa morreu após ter sido espancada por policiais militares ao se recusar a ser revistada por homens. Esses são alguns exemplos de crimes de ódio praticados contra lésbicas em todo o Brasil, número que aumenta a cada ano, de acordo com o Dossiê Sobre Lesbocídio que o Núcleo de Inclusão Social da UFRJ divulga nesta quarta-feira (7) e divulgado pela jornalista Juliana Gonçalves, do site “The Intercept Brasil“.
Em 2014, foram registradas 16 mortes. Em 2017, o número passou para 54 – um aumento de 150% de casos em quatro anos. Só nos dois primeiros meses de 2018, já foram registradas 26 mortes por lesbocídio. Por não haver dados oficiais, os crimes são coletados na mídia e nas redes sociais, o que acaba gerando subnotificação. Os números podem ser ainda maiores que os apresentados.
Assim como o feminicídio, o lesbocídio – termo apresentado pela primeira vez no Brasil na pesquisa – é motivado pela misoginia (ódio a mulheres), porém seguem lógicas diferentes. Enquanto o feminicídio generalizado é, na maior parte das vezes, um crime doméstico, 83% dos crimes contra lésbicas são cometidos por homens que não necessariamente possuem algum tipo de parentesco com a vítima, mas que têm algum tipo de aversão a lésbicas em geral – ou seja, lesbofobia.
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