Violência no RJ supera atentado de Nice a cada 5 dias

Todos os dias 17 pessoas morrem no estado do Rio de Janeiro, em uma guerra urbana que faz do Brasil o país com maior número de homicídios no mundo

O mundo acabou e ninguém foi avisado. Atentados contra a vida de inocentes na Turquia, Síria, na França, expõem uma sociedade em desacordo castigada pelo descontrole e violência. Por aqui não é diferente: a guerra está mais próxima do que você imagina.

Dados do Instituto de Segurança Pública do Rio de Janeiro (ISP) revelam que, entre janeiro e maio deste ano, o estado fluminense registrou um total de 2.508 vítimas de homicídio doloso, latrocínio (roubo seguido de morte), auto de resistência (mortes policiais justificadas por supostas reações) e lesão seguida de morte.

Em resumo: A CADA CINCO DIAS, O NÚMERO DE VÍTIMAS DA VIOLÊNCIA NO RIO DE JANEIRO SUPERA O TOTAL DE MORTOS NO ATENTADO OCORRIDO EM NICE (FRANÇA), no último dia 14 de junho.

No estado que será palco dos jogos olímpicos em agosto, a modalidade “tiro ao alvo” é praticada com êxito e direito à medalha: apenas em maio deste ano, 472 vidas foram perdidas pela violência armada.  O número corresponde ao aumento de 17,7% em relação ao mês em 2015, num total de 17 mortes diárias.

Charge realizada pelo cartunista Carlos Latuff reproduz genocídio da população negra nas periferias do Brasil

Submundo do subúrbio, faz vítima em tudo: família acusa polícia por morte de jovem no Morro São Carlos

Segundo reportagem divulgada pelo jornal Extra, na manhã desta sexta-feira, 22, a  família de Shayene Santos, de 14 anos, acusa a polícia de ter disparado contra a adolescente, morta na madrugada desta sexta-feira, no Morro do São Carlos, região central da capital fluminense.

Em entrevista ao jornal, a mãe da menina, Dayse dos Santos, de 39 anos, afirmou que os tiros partiram de policiais:

“Houve disparo sim. Minha filha foi mais uma vítima de bala perdida. Eles mataram mais uma inocente, que é a minha filha. Minha filha era linda, minha filha estudava, minha filha estava indo embora para casa. Não foi bandido que atirou – disse a auxiliar de serviços gerais”.

Nas morros e favelas, bala perdida tem sempre o mesmo destino

Ainda na entrevista, a tia da jovem, Cristiane de Souza Braga, reafirmou a versão de que oficiais do BOPE (Batalhão de Operação Especiais) faziam uma operação do Morro da Coroa, no mesmo complexo. Ela também lembrou a perda de Carlos Eduardo Nogueira da Silva, 20 anos, sobrinho de consideração, que foi baleado por policiais enquanto tomava água de coco no Morro do Querosene.

Sua morte ganhou destaque nos noticiários recentes e colocam em debate a atuação da polícia na cidade – especificamente nos morros e vielas onde balas se perdem, saco de pipoca ou celulares são confundidos com armas. E a marcha fúnebre prossegue.

“Ele era um sobrinho para mim, me chamava de tia e pedia bênção. Agora, é a minha sobrinha de sangue passando pela mesma coisa. Eles se conheciam desde crianças”.