Violência policial marca noite de protestos após impeachment

Câmeras destruídas, atropelamento, manifestante cega e prisões arbitrárias: entre comemorações e protestos, Brasil vive noite de violência após anúncio de impeachment; vídeos denunciam repressão em todo país

Na noite da última quarta-feira, 31, marcada pelo afastamento definitivo da presidenta Dilma Rousseff, milhares de pessoas saíram às ruas do Brasil para manifestar repúdio ao controverso processo político instalado desde outubro do ano passado.

Em São Paulo, denúncias de violência policial, apreensões de equipamentos fotográficos e pessoas gravemente feridas por armas “não letais” ganham destaque no noticiário dos meios de comunicação que cobriam a manifestação. Saldo da noite: jovem cega após ser atingida por estilhaços de bomba; dois fotógrafos detidos e desproporcional violência do estado.

Manifestante perde a visão após ser atingida por estilhaços de bomba em São Paulo; em três anos, quatro pessoas perderam a visão durante operações policiais na cidade

Manifestante perde a visão e justiça segue de olhos vendados: até quando o Estado cegará pessoas impunemente?

Sérgio Sila, Vitor Araújo, Douglas Santana e Deborah Fabri. Desde junho de 2013, ao menos quatro pessoas tornaram-se vítimas públicas da repressão policial que, com apoio de parte da mídia e sociedade, ataca manifestantes com a voracidade de uma batalha, supostamente, equilibrada.

Em meio à busca por justificativas e culpados que garantam a impunidade policial, mais uma pessoa perde a visão: a quarta em pouco mais de três anos, num recente histórico de violações, transmitidas ao vivo, em praça pública. Confira alguns vídeos e imagens que denunciam a violência da histórica noite da última quarta-feira:

* Procurada pela redação do Catraca Livre, a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo não se manifestou sobre os incidentes

  • Manifestante é agredido por policiais em Caxias do Sul (RS)

  • Fotógrafos detidos e destruição de equipamentos em São Paulo: 

  • Manifestantes feridos são acolhidos por populares em São Paulo 

  • Repressão policial em Florianópolis (SC)

Coletivo emite nota sobre militante que perdeu visão do olho esquerdo

Na noite de ontem, 31 de agosto de 2016, milhares de jovens saíram às ruas de diversas capitais para protestarem e expressar todo seu repúdio ao golpe parlamentar que destituiu a presidenta legítima, Dilma Rousseff, colocando em seu lugar o golpista e usurpador, Michel Temer.

O Levante Popular da Juventude esteve presente em diversas destas manifestações, somando-se ao coro Não ao Golpe, Fora Temer!

Praticamente todas as manifestações ocorreram fortes reações da polícia militar, que agiu de maneira desproporcional, violenta e brutal, reprimindo e agredindo os manifestantes. Em São Paulo, na esquina da rua Caio Prado com a rua da Consolação, mesmo lugar onde ocorreu o massacre de 13 de junho de 2013, a militante do Levante Popular da Juventude, Deborah Fabri, estudante da Universidade Federal do ABC (UFABC), foi atingida por um estilhaço de bomba no rosto, ferindo seu olho esquerdo.

Deborah foi hospitalizada e passa bem, perdeu a visão do olho esquerdo! Isso é inaceitável! Prestamos toda nossa solidariedade à ela e seus familiares e afirmamos que não descansaremos até que os responsáveis sejam punidos e ela disponha de todo a assistência necessária.

Repudiamos veementemente a ação da Polícia Militar do governador Geraldo Alckmin. Exigimos apuração, identificação e punição dos responsáveis imediatamente.

Essa é a marca desse governo ilegítimo e desse golpe: violência, truculência e autoritarismo. Não toleram a democracia, a liberdade de expressão, a soberania popular. Querem nos tirar tudo, desde os nossos direitos à nossa voz: não permitiremos!

Michel Temer e seu governo não nos representa, muito menos irá nos intimidar. Tomaremos todas as medidas judiciais e políticas cabíveis. Lutaremos e resistiremos em todas as trincheiras!

Seguiremos nas ruas, na luta contra esse golpe! Convocamos todos e todas a ocuparem as ruas!

Fora Temer!

Coletivo Nacional de Comunicação do Levante Popular da Juventude