Mãe solo desabafa após fazer experimento social no Tinder
"Na luta da mulher mãe, a resposta é essa mesmo: não há ninguém perto de você, só seu filho", disse a jovem
Ela é mãe. Tem 27 anos. É professora, militante e feminista. Ama culinária, literatura e seus amigos.
Após colocar todas essas informações na descrição de seu perfil no Tinder, a rede social de paquera, a jovem Fernanda Teixeira resolveu fazer um experimento social.
Mãe solo, Fernanda refletia sobre como os homens sempre publicam no app de relacionamento fotos de seus filhos. Já as mulheres, nunca fazem isso. “Esconder a maternidade é necessidade” para as mulheres que buscam uma relação amorosa após serem mães, defende a jovem.
O resultado de sua experiência utilizando a rede social foi publicado no último sábado, dia 13, em sua página no Facebook. No post, ela compartilha algumas das conversas que teve com os rapazes no app durante o experimento. Foram 83 ‘matchs’ com homens entre 24 e 34 anos.
“Se já teve filho e está solteira boa coisa não é”, disse um dos pretendentes antes de desfazer o ‘match’ com ela. “Coitada da criança com uma mãe puta dessas que fica procurando macho”, escreveu outro.
Para Fernanda, esse experimento evidencia um tema ainda considerado tabu na sociedade: a solidão da mãe solo.
“A solidão da mãe é vista como obstáculo para tornar aquela mulher forte. Nós não queremos esses obstáculos. Ninguém quer. Essa cultura coloca todos os dias milhões de mulheres numa posição que facilita a exposição aos abusos”, argumenta.
Ela conta que, após ter se divorciado, passou por vários relacionamentos que tinham algo em comum: o homem a escondia socialmente pelo fato de ela ter um filho. “Hoje sigo no limbo social e emocional que nos colocam, fingindo que sou forte e que está tudo bem. Não está”, desabafa.
“O meu estado ‘civil’ no momento não importa pra ninguém porque essa não é a questão desse experimento e do futuro artigo. Meu estado emocional e o estado emocional de todas as mães que escondem sua maternidade no primeiro momento para evitar fetichização e conseguir atenção afetiva, sim”, diz.
No texto, ela lembra ainda que ser mãe não é abrir mão da vida sexual, social e amorosa, tampouco se desfazer de planos e de se privar de todos os sonhos e planos traçados.
“Sempre que se fala da mãe, se fala dela como algo terceirizado, como uma entidade atrelada ao filho de uma maneira submissa. Isso é desumanizador. Espero que esse experimento e esse ‘textinho facebookiano’ ajude a elucidar a posição que todos vocês acabam nos colocando dentro dessa estrutura patriarcal e misógina. Ser mulher não é fácil. Ser mulher e mãe, menos ainda. Ser mulher, mãe e reivindicar uma vida social fora dos padrões patriarcais, é enlouquecedor“, complementa.
Confira a publicação na íntegra abaixo:
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=10211304228500345&set=a.1985989888276.2108318.1199149734&type=3
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