Mãe faz boneca com manchas para filha: ‘ela se viu representada’
“A boneca é importante porque é a linguagem da criança…, a assimilação do que está à sua volta. E tudo isso é feito através do brincar… Tenho que me perguntar: ‘o que a boneca pronta está transmitindo para o meu filho já que ele não pode criar?’. Ele vai ter que se ajustar a esse brinquedo, se ajustar a todo um corpo de valores que a boneca traz” – Nina Veiga, especialista em educação.
O relato de uma mãe sobre a boneca que montou para sua filha de 2 anos demonstra, mais uma vez, o quanto a representatividade nos brinquedos e brincadeiras é importante para uma criança. “Sabe aquele sentimento de não se sentir representada? Minha filha nunca vai sentir isso”, escreveu Isa Denoni, mãe de Alice, em post no Facebook.
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Alice tem uma síndrome genética chamada Maccune Albright que, entre outras coisas, causa grandes marcas em seu corpo. Ao ver a mãe confeccionando bonecas, ela pediu uma para ela: “É, boneca sereia com mapa da Lice”, Isa descreveu no relato o pedido da filha.
“Quando ela percebeu que a boneca é igual a ela foi uma histeria porque ela nunca viu ninguém com marcas grandes de nascença! Simplesmente ela se viu representada, tanto que ela chama a boneca de amiga, a boneca vai pra piscina com ela, a boneca dorme com ela, a boneca senta na mesa pra almoçar com ela; é como se agora eu tivesse duas filhas, rsrs. Falar que uma criança de dois anos não entende sobre representatividade é uma falácia, ela pode até não entender o conceito mas ela sente a representatividade. Minha filha nunca encostou em uma boneca para brincar e de repente ela tem uma que vai pra cima e pra baixo com ela; ela se sente feliz, ela se sente confortável, ela se sente à vontade, ela se sente representada!“, contou a mãe em entrevista ao Hypeness.
Alice e a boneca agora são inseparáveis:
Como demonstra essa história, a identificação com os brinquedos é importante para a formação da criança. Apesar disso, a oferta de bonecas diferentes do padrão, negras, por exemplo, ainda é pequena.
“A oportunidade de brincar com bonecas negras é um grande passo na construção de uma sociedade que respeita e aceita suas diferenças raciais, contribuindo assim para que haja diminuição do preconceito, além de elevar a autoestima das crianças, que passarão a ver a si mesmas representadas nos brinquedos”, disse Ana Marcilio, em entrevista ao Catraquinha.
Ana é uma das idealizadoras da campanha “Cadê nossa boneca?”, uma iniciativa da organização Avante – Educação e Mobilização Social cujo objetivo é fomentar a diversidade no mercado de brinquedo, aumentando a oferta de bonecas negras.
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Com informações de Hypeness.