Como a intolerância religiosa impacta a infância
Por Carolina Pezzoni, do Promenino, com Cidade Escola Aprendiz
Em entrevista ao portal Promenino, o babalaô (sacerdote do Candomblé) Ivanir dos Santos, interlocutor da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa (CCIR) falou sobre os efeitos da intolerância na vida das crianças. Ivanir afirma que é um assunto preocupante, pois chega até às escolas. “É um problema que está dado hoje na sociedade. Há conflitos nas escolas de todo o país por conta da intolerância religiosa”, diz ele, citando o caso de um menino de 12 anos que foi vítima de discriminação na rede municipal no Rio de Janeiro por vestir guias (colares) de Candomblé. “Há problemas com a Festa Junina, com a Capoeira. Qualquer manifestação cultural em que você leve um atabaque [instrumento musical de percussão utilizado em rituais afro-brasileiros] está sujeita a ser demonizada.”
Ele observa que existe uma forte resistência por parte de algumas escolas à aplicação da Lei 10.639/2003, que tornou obrigatório o ensino da história e cultura africana e afro-brasileira. “Isso poderia ensinar as crianças a respeitar a diversidade que tem de ter o mundo, que não há ninguém superior ao outro em razões de compreensão de sua religião”, explica, lembrando ainda que o estado brasileiro é laico, ou seja, tem posição neutra no campo religioso.
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Antes de tudo, segundo propõe Ivanir, é preciso abrir diálogo com as lideranças religiosas quanto às religiões que estão sob a sua responsabilidade. “O que estão ensinando em relação à democratização das culturas? Pregam o amor como princípio e reproduzem o ódio, o preconceito, a perseguição? A criança não nasce intolerante, ela se torna, a partir da educação que é lhe é transmitida”, observa. Por isso, ensinar “o respeito à diversidade, no lugar de afirmar um grupo religioso, é um papel da sociedade – da família, primeiramente, e também das entidades religiosas e da escola”.