Estudo mostra ligação entre ambientes
urbanos e saúde mental das crianças
Um novo estudo britânico descobriu que sintomas da psicose infantil podem ser provocados a partir de ambientes urbanos, como os crimes e uma falta de confiança em vizinhos, por exemplo.
A pesquisa – conduzida por Candice Odgers, professora de Psicologia, Neurociência e Políticas Públicas, e por Helen Fisher, professora da faculdade King’s College, em Londres – foi a primeira a determinar especificamente a associação entre os ambientes urbanos e a psicose.
O estudo descobriu que a baixa coesão social e a vitimização criminal, juntas, correspondem a quase um quarto das razões que levam crianças de 12 anos de idade – que vivem em áreas urbanas desde os cinco anos – a desenvolverem sintomas psicóticos.
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Segundo Candice Odgers, em entrevista ao The Chronicle, a intenção do estudo era “olhar para dentro de comunidades e ver quais fatores específicos poderiam explicar os motivos de as crianças que crescem em bairros pobres ou urbanos mostrarem os piores resultados de saúde”.
Sintomas de psicose são associados com outras doenças mentais, como esquizofrenia, abuso de substâncias, depressão, transtorno de estresse pós-traumático e comportamento suicida, embora os primeiros sintomas de psicose sejam geralmente temporários.
A análise – realizada com 2.232 crianças britânicas desde o nascimento até os 12 anos de idade – constatou que 4,4% dos pesquisados que vivem em áreas não urbanas desenvolveram pelo menos um sintoma psicótico definitivo, enquanto que as crianças urbanas apresentaram 7,4% dos sintomas, quase o dobro.
Especificamente, o estudo examinou os processos sociais de coesão social, controle social, transtornos de vizinhos e vitimização criminal entre bairros. Além de descobrir que uma coesão social mais baixa e a maior vitimização foram associados aos sintomas psicóticos, a análise constatou que grandes desordens – como problemas com vizinhos barulhentos e vandalismo – e conflitos nos quais membros de uma comunidade tomam medidas contra ações indesejadas, também estão ligados ao mesmo diagnóstico.
Para os pesquisadores, este trabalho levanta implicações possíveis para a medicina, que muitas vezes só cogita a família como fator de ligação entre uma criança e a psicose. Os estudiosos ainda sugerem que a descoberta pode ser valiosa para intervenções a problemas como a pobreza.
Com informações de Child in the City.
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