Meninos estão mais satisfeitos do que meninas com a cidade de São Paulo, diz pesquisa

24/07/2015 04:41 / Atualizado em 04/05/2020 17:39

Pesquisa inédita revela o que pensam crianças e adolescentes sobre a vida em São Paulo.
Pesquisa inédita revela o que pensam crianças e adolescentes sobre a vida em São Paulo.

Como as crianças avaliam São Paulo com relação ao bem estar e a qualidade de vida? 43% dos jovens estão pouco satisfeitos com a cidade. Dentre estes, a maior parte é de meninas estudantes do Ensino Médio. O IRBEM  – Indicadores de Referência de Bem-Estar no Município – entrevistou  pela primeira vez crianças e adolescentes. A pesquisa é uma iniciativa do Grupo de Trabalho (GT) Criança e Adolescente da Rede Nossa São Paulo, em parceria com o IBOPE Inteligência e contou com o apoio do Instituto Alana e do Instituto C&A.

Maurício Broinizi, coordenador executivo da Rede Nossa São Paulo, disse esperar que a pesquisa contribua para ampliar na sociedade a reflexão sobre a proposta de redução da maioridade penal, que considera um equívoco. “Precisamos que nossos representantes ouçam a população e os jovens, antes de tomarem medidas equivocadas”, criticou no evento de apresentação.

A pesquisa pretende auxiliar na elaboração de políticas públicas voltadas para as crianças e adolescentes, ao abordar desde temas do cotidiano, como escola e amigos, cultura, saúde, segurança e proteção, e a avaliação de órgãos municipais como Prefeitura e Câmara Municipal.

Segundo a pesquisa, 90% dos jovens declararam usar a internet. Os smartphones e aparelhos celulares, de um modo geral, são o meio de acesso mais utilizado, sendo indicado por 76% deles. Fora do mundo virtual, as duas atividades mais citadas pelas crianças e adolescentes foram praticar futebol (20%) e assistir televisão ou DVD (20%). Nesses quesitos, contudo, a pesquisa encontrou diferenças significativas entre meninos e meninas. Enquanto 38% deles relatou jogar bola, apenas 1% das garotas disse fazer o mesmo. Já quando perguntados sobre ajuda nas tarefas domésticas, a situação quase se inverte. Apenas 6% dos meninos afirmaram ajudar nessas atividades, contra 29% das meninas, a atividade mais praticada por elas.

Como resultado, a pesquisa mostrou que quem realiza atividades individuais tende a ser menos satisfeito com a qualidade de vida na cidade de São Paulo – 70% de meninas entre 15 e 17 anos. Destas, 52%, sente que seu bairro é apenas um lugar para se morar e não de sentem parte de uma comunidade.

Outro dado interessante e que merece muita atenção  é que 53% das crianças disseram que já viram produtos em propagandas e ficaram chateados por não poder comprar, sendo que 32% sempre ou quase sempre querem comprar algo que veem em comerciais.

Aa nota mais baixa de todos os segmentos foi dada à “segurança e proteção”: 5,1 em uma escala de 1 a 10.

O coordenador do Grupo de Trabalho sobre Crianças e Adolescentes da Rede Nossa São Paulo, Ranieri Pontes, reafirmou a posição da entidade contra a redução da maioridade penal e destacou que o artigo 227 da Constituição Federal define que é dever da família, do Estado e da sociedade garantir os direitos de crianças e adolescentes. “O que quer dizer prioridade absoluta? É colocá-los em primazia para atenção e socorro, nas políticas públicas, e na destinação de recursos relacionadas a eles. A pesquisa reconheceu que eles tem voz. E também devem ter vez”, afirmou.