Reitoria da USP quer fechar creche e pais ocupam o local
Mais de 100 mil crianças aguardam na fila de espera por uma vaga nas creches de São Paulo, sendo que uma em cada 20 consegue vaga através de liminar na justiça. O Catraquinha já falou aqui sobre estes dados, que são do documentário “Direito à educação infantil”, do Grupo de Trabalho Interinstitucional sobre Educação Infantil (GTIEI) em conjunto com o projeto “Direito à Creche”.
Em vez de o número de creches na capital paulista aumentar, para atender à grande demanda, parece que ele está prestes a diminuir. Na segunda-feira (16/01), a Reitoria da Universidade de São Paulo (USP) enviou um e-mail aos funcionários da Creche Pré-Escola Oeste, localizada no campus Butantã, com o aviso de que a unidade deverá ser desativada.
Sem muitas explicações sobre o motivo pelo qual a creche será fechada, a mensagem enviada pela Reitoria informava que os móveis e equipamentos do local seriam retirados por um caminhão e que as cerca de 40 crianças que frequentam a unidade seriam transferidas para a Creche Central.
- Encontro debate participação nas ocupações das escolas em 2015
- Morador de rua morre em Pinheiros na tarde mais fria em 4 anos
- ‘Passeata dos bebês’ luta contra o fechamento da Creche da USP
Pais e funcionários da Creche Oeste, revoltados com a situação e preocupados com a notificação de despejo, resolverem ocupar o espaço. Em nota enviada através da Associação de Pais e Funcionários (Apef), eles avisam que há falta de diálogo com a Reitoria, hoje ocupada por Marco Antônio Zago, e que permanecerão no local mobilizados. De acordo com a Apef, não há motivo plausível para a Reitoria fechar a creche ou proibir a entrada de novas crianças.
A medida de fechar a creche, considerada modelo, não está apoiada em nenhuma decisão Conselho Universitário (CO) da USP, órgão máximo da instituição. No início de 2015, a Reitoria, também sem amparo em decisão do CO, ordenou que não fossem abertas novas vagas nas creches. E a situação se repetiu em 2016.
Pais e funcionários, então, iniciaram uma campanha para denunciar as medidas que afetam todas as cinco creches da USP: a Oeste e a Central, no Butantã, a unidade no campus da Saúde Pública, também na capital paulista e outras duas localizadas nos campi de São Carlos e Ribeirão Preto.
As creches da USP atendem filhos de funcionários, estudantes e docentes da universidade. As unidades são objeto de estudo de inúmeras pesquisas por serem consideradas experiências modelo em educação infantil.
Os pais e funcionários que ocupam a Creche Oeste afirmam que permanecerão no local e demandam que a Reitoria cumpra a decisão do CO. Os ocupantes mantêm uma programação no local, com debates, conversas e atividades. O movimento mantém um blog e uma página no Facebook, onde divulgam informações e comunicados.
Veja mais:
- Você tem 8 minutos? Veja a luta das famílias em busca de creches
- Demanda por creche noturna cresce e tema divide opiniões
- O que devo levar em conta ao escolher uma creche?
Com informações de Educação Integral.