Aulas para aprender a dançar e se sentir especial

Moradora carioca abriu as portas de sua casa para ensinar hip hop a um grupo de meninas.

Por Sabrina Abreu

Em sua vizinhança, em Ramos, na Zona Norte do Rio de Janeiro, a dona de casa Lúcia Maria Oliveira percebia que as crianças passavam muito tempo sem muito o que fazer. “As famílias de classe média podem arcar com aulas de inglês, de natação, mas na comunidade, isso quase não existe. Quando os  alunos não estão na escola, acabam ficando sem ter o que fazer”, conta Lúcia, que acredita que essa ociosidade possa ser fator para diversos problemas, como a gravidez precoce, já que essas crianças tendem a ficar vulneráveis em ambientes nem sempre seguros, e sem o diálogo com adultos.

O terraço de uma casa em Ramos vira escola de dança

Pensando nisso, há quatro anos, ela decidiu oferecer, gratuitamente, uma atividade complementar duas vezes por semana, no terraço de sua própria casa. Às terças e quintas, acontecem aulas de dança de rua para uma turma de 15 alunas, entre 8 e 12 anos. Ao som de hip hop, elas aprendem os passos com jovens professoras voluntárias, que também são moradoras da comunidade. A escolha da trilha sonora é feita de modo criterioso pelas instrutoras. Se a música tiver alguma mensagem inapropriada para a idade da turma, é vetada.

“Transformei minha casa em escola de dança para as meninas se sentirem importantes”, conta Lúcia. E ela tem conseguido. O que começou apenas como aulas livres virou um grupo de dança, o Futuro em Movimento, que já se apresentou em festas no Complexo do Alemão e em outras localidades do Rio. Por meio de doações, foram adquiridos os uniformes usados nas performances. No início de cada ano, Lúcia Maria também se esforça para arrecadar material escolar novo, como mochilas e cadernos, para estimular as meninas na volta às aulas.