Sem Uber, moradores de periferia de SP criam alternativa: a Ubra
Serviço criado por moradores da Brasilândia atende regiões vetadas pelo Uber na periferia da capital paulista
Em entrevista ao site da BBC Brasil, Henrique Deloste, líder comunitário da Brasilândia, bairro da zona norte de São Paulo, revela que as ruas estreitas, ladeiras e vias de terra limitam a chegada do Uber na região. Ele conta que ali, ninguém quer subir o morro, nem mesmo o popular aplicativo que ganhou as ruas da capital paulista.
O motivo para ausência da tecnologia que liga motoristas a passageiros se dá por conta do veto da empresa, que limitou o acesso dos veículos a diversas regiões da cidade. Caso da Brasilândia, das favelas de Paraisópolis e Heliópolis, entre outros bairros.
Diante do recado na tela, que alerta: “Infelizmente, a Uber não está disponível na sua área no momento”, o tatuador Emerson Lima, de 40 anos, e o motorista Alvimar da Silva, de 48, resolveram criar a Ubra (União da Brasilândia).
A alternativa, bem mais simples que o aplicativo norte-americano, foi idealizada para atender às necessidades de milhares de moradores da região, vítimas da má distribuição de transporte público nas adjacências.
Seis motoristas, um telefone e muita disposição
É numa sala, divida por uma placa de madeirite, que funciona o escritório da Ulbra. No modesto salão, duas cadeiras, mesa e um sofá reúnem os seis motoristas que atendem os clientes. As chamadas são feitas via WhatsApp ou por um telefone fixo.
Criada há 20 dias, a empresa conta com um efetivo de seis motoristas e deve aumentar nas próximas semanas. “A demanda está muito grande e a gente já está perdendo corrida. A área tem uma carência grave de transporte, principalmente à noite”, revelou Emerson na reportagem à BBC.
Prefeitura apoia e quer mais empresas nas ruas
Ainda segundo a reportagem, a prefeitura informou que tem conhecimento do serviço prestado na Brasilândia e informou, por meio de nota, seu “interesse em aumentar o número de empresas que operam na cidade, sobretudo em locais onde o sistema viário ainda é pouco aproveitado pelo transporte individual de passageiros”.
Entretanto, chamou atenção para o fato da empresa não estar credenciada no Conselho Municipal de Uso o Viário (CMUV), o que a impede de transportar passageiros. E alertou os responsáveis que a “empresa e os motoristas estarão sujeitos à fiscalização e às sanções cabíveis, que incluem apreensão dos veículos e multa”.
Apesar disso, o promissor negócio de Emerson e Avilmar já conta com aproximadamente 40 clientes, que frequentemente recorrem ao serviço da Ubra para diferentes ocasiões, seja para fazer compras, consultas médicas ou mesmo para curtir à noite paulistana.
Os criadores da empresa dizem que cobram preço semelhante ao de seu concorrente. Cada quilômetro rodado custa R$ 2 contra cerca de R$ 1,80 da Uber – que ainda cobra uma taxa municipal. Eles aceitam dinheiro e cartões de débito e crédito. O preço das corridas da Ubra é calculado apenas pela distância medida no site do Google Maps. Mas nem sempre os motoristas cobram o preço cheio. Confira a matéria completa no site da BBC Brasil.