Repórter do ‘Mais Você’, Nádia Bochi se assume lésbica

A profissional trabalha há 15 anos na TV Globo

06/06/2018 23:10 / Atualizado em 05/05/2020 10:46

Nádia Bochi e Ana Maria Braga
Nádia Bochi e Ana Maria Braga

As empresas brasileiras de televisão aos poucos têm se tornado mais inclusiva, facilitando assim com que seus profissionais possam assumir publicamente suas orientações sexuais. É o caso de Nádia Bochi, repórter do ‘Mais Você’, da Rede Globo, que se assumiu lésbica.

Em uma carta aberta publicada em seu blog, a jornalista falou sobre o processo de reconhecimento e aceitação de sua homossexualidade.

“Me reconheci lésbica numa época em que ser homossexual não tinha nenhum glamour. Não existia beijo gay nas novelas, pelo contrário as lésbicas explodiam junto com os prédios. Aliás, até no cinema era difícil demais encontrar algum tipo de casal que me representasse”, começou ela.

“Tive que inventar o imaginário que não existia fora da ficção, bem lá na realidade crua onde a palavra homossexualismo ainda era nome de doença, segundo a Organização Mundial de Saúde. Parece distante, mas isso tudo foi ontem, nos anos 90. Década em que comecei a trabalhar como jornalista em um dos canais de TV a cabo mais importantes do mundo (a HBO) e tive o a oportunidade de descobrir que era possível ser gay e viver fora do armário”, continua.

Nádia, em um outro trecho, frisa que sempre se relacionou bem com a sua orientação. “Num país desigual, onde mais se mata homossexuais no mundo, sou consciente da sorte de ter descoberto, com 19 anos que era possível viver a minha sexualidade sem medo e tenho feito isso até hoje em todas as minhas relações afetivas. Levo essa coragem pra todos os lugares, porque felizmente aprendi cedo que é possível ser livre.”

Em um outro trecho, a revelou que já foi assediada por um chefe. “Algumas vezes tive que colocar a prova minhas convicções. Enfrentei situações de assédio, como a maioria das brasileiras. E acreditem, quando isso acontece com uma mulher lésbica a violência é muito cruel porque além do ato ser machista é homofóbico”, afirma.

“Lembro da vez triste em que fui assediada por um chefe que insistia em, além de me beijar, questionar minha escolha de amar mulheres. Não permiti que o beijo acontecesse. Principalmente não deixei que aquele ato de violência colocasse em dúvida quem eu era. E mais uma vez, sei e reafirmo que tive muita sorte”, contou.

Nádia Bochi trabalha na Globo há 15 anos e desde 2007 trabalha no programa vespertino apresentado por Ana Maria Braga.

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