Consciência Negra: conheça projetos e famílias que contribuem para uma infância sem racismo
No Brasil, vivem 31 milhões de meninas e meninos negros. Eles representam 54,5% de todas as crianças e adolescentes brasileiros, segundos dados do PNAD Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) de 2009.
Sabemos que muitas dessas crianças sofrem com atitudes discriminatórias, que, por gerações, exercem efeitos danosos na formação e afirmação de suas identidades. Isso se dá na escola, na família e no bairro onde moram.
No mês da Consciência Negra, o Catraquinha destaca projetos e famílias que contribuem para uma infância sem racismo.
- 3ª edição da FLID – Feira Literária de Diadema homenageia autores locais e ícone da literatura negra
- Teatro Bravos recebe show de lançamento do projeto autoral para as Infâncias
- Julho no Sesc Santo André: programação está recheada de atividades para agitar o período de férias
- 17 produções recém-lançadas para assistir no feriado de Carnaval
O projeto “Perólas Negras”, da ONG Casa Cultural do Morro, em Viçosa – MG, recebe toda semana meninas que trocam experiência de tratamentos para manter os cabelos crespos naturais. O projeto conta com a parceria de uma empresa de cosméticos da cidade, que cede os produtos, como xampus e cremes.
Para resgatar a cultura artística das tranças afro e suas histórias o projeto Tecendo e Trançando Arte realiza de oficinas, pesquisa, rodas de conversa e vivências em espaços culturais e escolas.
A arte do trançadeiras(os) é muito difundida na cultura negra mas é pouco valorizada como patrimônio imaterial, pois as tranças afro carregam consigo uma identidade cultural artesanal, um conhecimento passado de geração em geração.
Conversamos também com a publicitária Renata Aloa, mãe da pequena Aisha de 3 anos. Desde bebê, ela ensina Aisha a valorizar a diversidade com equidade.
Renata conta que para a Aisha a construção da identidade negra vem sendo natural pois na sua casa todos são negros e usam seus cabelos sem químicas, o que faz com que ela se identifique. “Ela gosta do cabelo o mais armado possível”, brinca.
“Este tipo de identificação tem sido essencial na formação da Aisha pois assim ela se vê colocada na sociedade”, afirma a mãe, que sente a diferença do que passou durante sua própria infância. “Eu assumi meu cabelo na adolescência, só a partir daí me senti parte deste mundo e as referências foram essenciais, ou seja, conhecer mulheres negras assumindo suas características”.
Aisha Oliveira tem várias bonecas, mas as suas preferidas são as negras. “Ela diz que são suas filhas. Isso também difere da minha infância, em que eu só via bonecas brancas e loiras”. Aisha se vê projetada nas bonecas. Percebe que tem as mesmas características que ela e são merecedoras de serem copiadas. Leia “O significado político de uma boneca negra” por Amanda Beatriz.
Sabedoria infantil
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Júlia ensinando a gostar dos seus cachos
Gustavo, 10 anos, dá uma aula de cidadania contra o racismo
Fique atento
Não deixe de denunciar. Ao se deparar com casos de discriminação , busque defesa no Conselho Tutelar de sua região, nas ouvidorias dos serviços públicos, na OAB e nas delegacias de proteção à infância e adolescência. A discriminação é uma violação de direitos.