O ‘Lado B’ da maternidade: quem acolhe a mulher quando ela está ferida?
Durante o Segundo Seminário Internacional de Mães, realizado em Belo Horizonte, a psicóloga Lígia Guerra falou em sua palestra “Reaprendendo a ser mulher depois da maternidade”sobre o “Lado B” da maternidade e sobre os tabus que os comerciais de TV não contam, mas que incomodam tanto no dia a dia das famílias. O Seminário recebeu mais de 700 mulheres para acompanhar as palestras da pediatra Filomena Camilo, Ashley Merryman, Laura Gutman e Gabriela Kapim.
Lígia, que também é poetisa e autora do livro “Mulheres às Avessas”, comentou sobre a atuação da imprensa na cobertura da temática da maternidade, que nada colabora para a igualdade de gênero, e que aprisiona mulheres em modelos idealizados. É como acontece com as notícias sobre o parto normal. “As mães se cobram muito para conseguir um parto normal. É como se você fosse menos mãe se fizer uma cesárea e na verdade não é assim. É ótimo que a mídia exponha os benefícios do parto normal, mas o lado ruim e perverso é que o Brasil não oferece um assistência que seja possível para toda mulher parir em casa, de cócoras”, argumentou.
A igualdade de gênero, a divisão de responsabilidade nos cuidados com os filhos também foi tratada pela palestrante, que trouxe exemplos de casos que já tratou sem seu consultório. “Se deveríamos ter educação sexual na escola, também deveria ter educação para a paternidade e maternidade”. Tome como exemplo a estatística de que 66% das meninas na quarta serie gostam muito de matemática, porém apenas 18% dos estudantes de engenharia são mulheres. Como parte da solução para a questão, Lígia recomendou que as mulheres busquem autoconhecimento para não reproduzir os padrões impostos pela sociedade ao longo da infância, como por exemplo, cobrando mais das meninas que tenha cuidado com a casa do que os meninos.
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Outro dado alarmante trazido pela psicóloga é sobre a pregorexia, um transtorno alimentar que vem atingindo cada vez mais mulheres durante a gravidez. Segundo Lígia, já são 3% das mulheres brasileiras que enfrentam o problema. Novamente, a fala da palestrante trouxe críticas à ditadura da beleza imposto pelas notícias da televisão e revistas.
Lígia encerra a palestra com uma mensagem em forma de poema de dua autoria.
Transformei os meus medos em descobertas.
Traduzi os meus erros e criei a linguagem da experiência.
Compus música com as minhas lágrimas.
Abracei aqueles que amo com as minhas conquistas.
Fiz da estrada da vida a minha morada.
Descobri a transitoriedade das coisas.
Percebi que sou pequena e justamente
por isso compreendi como sou grande.