7 contos de fadas que discutem estereótipos
Você sabia que Charles Perrault, autor de histórias infantis famosas como Chapeuzinho Vermelho, Bela Adormecida e o Gato de Botas, completaria hoje 386 anos? Pois é, não é de hoje que histórias de príncipes e princesas, fadas e bruxas e reis e rainhas fazem a cabeça da garotada.
As histórias são muito importantes para o desenvolvimento infantil. De um lado, a leitura ajuda no desenvolvimento cognitivo da criança, de outro, é por meio da fantasia que a criança cria representações de seu mundo para compreendê-lo melhor. A identificação com personagens também tem um papel importante para seu desenvolvimento emocional.
Mas, é certo que o mundo tem mudado muito, e muitas vezes a construção idealizada de personagens, como a princesa linda e indefesa que só poderá ser plena e feliz quando seu príncipe lindo e corajoso a salvar, contribui para reforçar estereótipos, o que pode ser muito prejudicial para o desenvolvimento de uma criança. E se ela não se encaixar naquele estereótipo?
Por isso, para comemorar o aniversário deste importante autor, separamos uma lista de Contos de Fada especiais, que discutem estereótipos. A lista foi preparada por Paola Rodrigues, que é escritora, roteirista, mãe e autora do blog Não pule da janela.
1. A pior Princesa do mundo
Além do livro ser lindo, com ilustrações incríveis, a história é escrita de forma leve e divertida e a narrativa usa de rimas e conversas inteligentes. O livro conta a história de Soninha, uma princesa que tem aguardado impacientemente sua vez nos Contos de Fadas; até que um dia ela finalmente se cansa e opta por uma vida com mais aventura. Vai viver de forma radical, até que encontra numa das esquinas da vida o superestimado Príncipe Encantado, só para perceber que ele não passa de um bobão. No fim, Soninha continua suas aventuras, não com o Príncipe, mas com o Dragão!
2. Pretinha de Neve e os sete gigantes
O livro não só desconstrói personagens que estão enraizados na nossa história, como também faz uma releitura da fórmula antiga dos contos dos fadas, trazendo elementos que valorizam a cultura africana e a reflexão sobre solidão e coragem. A arte é muito boa, cheia de elementos originais e cores vivas. A história narra as aventuras de Pretinha, que mora no Monte Kilimanjaro, na Tanzânia. A mãe de Pretinha se tornou viúva e se casou com um Rei muito do chato, que só quer saber de doces, deixando a menina completamente sozinha. Um dia, em meio a solidão, ela pergunta para o Tacho mágico se existe alguém mais solitária do que ela, e assim começa a aventura.
3. Uma Chapeuzinho Vermelho
O livro é fofo e as ilustrações parecem que foram feitas por uma criança, o que ajuda a conectar com o pequeno leitor. A construção do enredo é muito bom. A história começa com a Chapeuzinho Vermelho andando pela floresta. Daí ela encontra o Lobo. Mas, surpreendendo o leitor, a história dá uma guinada e a Chapeuzinho surpreende muito!
4. A Princesa e a Ervilha
Nessa adaptação, o príncipe é africano, e busca uma verdadeira princesa para se casar; e um dia, encontra uma moça que afirma ser uma Princesa, apesar de estar toda molhada da chuva e pouco apresentável. Para testá-la, coloca uma ervilha por baixo de 24 colchões. No outro dia a Princesa é questionada se dormiu bem, e ela admite que na verdade dormiu mal, havia algo incomodando-a. Todas as ilustrações são coloridas e muito bem produzidas nos mostram animais, vestimentas e costumes africanos, quebrando o estereótipo da imagem da princesa.
5. Príncipe Cinderelo
Nesta história o príncipe tem três irmão peludos, enormes e que adoram uma boa festa. A fada é bem destrambelhada e com pouco apreço por higiene, e nas suas tentativas de enviar o Príncipe para a festa, acaba por transforma-lo num macaco enorme e peludo. E assim acontece a história, cheia de boas sacadas para a fórmula da Gata Borralheira. O livro brinca e desestrutura completamente o conto de fadas, colocando o Príncipe em situações inimagináveis.
6. A Princesa espertalhona
Esta princesa não quer saber de marido, príncipes, festas ou vestidos, ela só quer viver suas aventuras, discutir ideias e viver no Castelo com seus animais. Seria uma realidade justa, se o Rei e a Rainha não acreditassem que sua escolha fosse um tanto incomum, e desaconselhável; então, decidem apresentar os Príncipes, na esperança que nossa heroína, quem sabe, goste de algum. Seria fácil, se essa Princesa não fosse um tanto mais que esperta e não desse tarefas impossíveis para a realeza que ousasse tentar desposa-la. Esta obra traz uma importante mensagem: que casamento é uma escolha, jamais uma imposição. E tudo bem querer viver com os gatos, jacarés e passarinhos!
7. A Princesa que queria ser Rei
A história conta a luta de uma princesa enorme, peluda, forte e linda, que sonha assumir o lugar do pai como Rei. Mas sua família além de não acreditar em seu potencial, acha que o posto só pode ser assumido por um homem, vendo com horror o esforço da filha de se tornar mais resistente e capaz. Na história, a princesa quer provar ser tão capaz quanto um homem, mas ainda melhor para assumir o posto de Governo do reino que tanto ama.