Deficiente visual fotografa Paralimpíadas

14/07/2016 13:42 / Atualizado em 07/05/2020 03:40

 
 
 
 
 
 

A deficiência visual não é barreira para fotografar profissionalmente João Batista da Silva ( foto acima) , 41 anos, é morador do Brás em São Paulo, capital – aluno de fotografia eduK há 1 ano e meio.

 
 
 
 
 
 

João perdeu a visão aos 28 anos por consequência de uma uveíte bilateral. A doença deixa sequelas que só são constatadas tempos depois e, no caso de João, o olho direito teve descolamento de retina, além de zerar a pressão ocular e no esquerdo, uma lesão no nervo ótico o deixou com a visão muito baixa. Hoje ele percebe vultos, cores e formatos (quando estão bem definidos e próximos).

Na adolescência e juventude, João foi atleta e treinou para participar de Olímpiadas: praticava lançamento de peso, dardo e disco. A deficiência visual atropelou o sonho, mas ele superou, se entregou para a fotografia e, em setembro próximo, João vai fotografar as Paralimpíadas Rio 2016 e será o primeiro fotógrafo com deficiência visual a cobrir o evento. Ele utiliza um aplicativo de celular que o direciona de toda a cena da foto por voz e atende ao comando dele para os cliques, além de câmeras convencionais de fotografia profissional.

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

A fotografia entrou na vida de João ainda na adolescência, mas ele mesmo se define como um simples amante da arte desde então. Tem como ídolo e referência Evgen Bavcar (fotógrafo esloveno – deficiente visual – de grande destaque internacional). João acredita que a disponibilidade para estar sempre se atualizando e aprendendo é essencial para fotografar.

 
 

Ao ser diagnosticado com a deficiência visual, aos 28 anos de idade, João perdeu o emprego de carteiro. Passado o período de aceitação, ele se atirou na fotografia: tomou conhecimento sobre maneiras de se aperfeiçoar. Ele é especialista da editoria de esportes e se dedicou a cobrir eventos como o Circuito Caixa de Atletismo: “Como eu já tinha familiaridade com o ambiente, rotina e toda a percepção do atletismo, ficou mais fácil e hoje acabo conseguindo cliques até melhores que os fotógrafos sem deficiência. Eu sei onde e como o atleta estará no momento da largada, da chegada…sei como me posicionar, monto meu tripé com minha DSLR e disparo o automático na hora exata. ”

 
 

João considera a eduK essencial para a carreira dele: “com os cursos eu consigo entender detalhes, voltar a cena e pegar todo o conteúdo com muita facilidade”.

Hoje, com a meta de participar de um evento olímpico alcançada, João estabeleceu outro objetivo: o de levar a fotografia com acessibilidade para todo o país. “Quero montar uma exposição acessível com minhas fotos onde tenham legendas em braile ou relevo para expandir ainda mais este universo e mostrar que a deficiência não é um fim e sim um começo de uma nova vida”.

“Defino fotografia em 3 palavras: luz, conhecimento e oportunidade”, João Batista da Silva, fotógrafo paulistano, 41 anos, aluno eduK. Primeiro deficiente visual a cobrir uma Paraolimpíada.