Aos 86, agente de viagens diz que não tem tempo para envelhecer
“Eu precisaria de 24 horas só para o dia”, brinca Wanda D’Amato Fumo. Aos 86 anos, sua rotina inclui aulas na PUC (Pontifícia Universidade Católica), sessões de hidroginástica e terapia corporal, “trabalho, muito trabalho” como agente de turismo e ainda viagens nacionais e internacionais com grupos da terceira idade.
“Eu quero morrer trabalhando, porque eu adoro o que eu faço”, diz. E sempre foi assim. Aos 7 anos, já vendia guarda-chuvas. Mas foi com o pai, sapateiro italiano, que ela aprendeu a ser uma cerzideira de primeira. Quando o mercado não valorizava mais seu ofício, foi fazer o que mais gosta: vender.
Foram imóveis, livros, títulos de poupança. Criou seus três filhos _ um administrador de empresas, um engenheiro químico e uma psicóloga_ , até que, em 1988, seu marido morreu e o último filho casou. “Vivi a síndrome do ninho vazio”, conta. Em 1993, descobriu a Universidade Aberta à Maturidade.
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“Para quem não ia à escola desde o primário, foi a realização de um sonho. Imagina, eu, em uma faculdade! Parecia uma criança de tão feliz. Esparramei a notícia para meio mundo e levei muita gente para lá”, conta Wanda. E fez muitos amigos. “Virou uma família, uma família gostosa.”
Dois anos depois, já com uma grande rede de relacionamento, recebeu um convite para ser promotora de viagens. Topou na hora. E passou a organizar viagens nacionais e internacionais para a terceira idade. Está de malas prontas para embarcar para o sul da Itália no próximo dia 20. Na volta, começa a organizar o Réveillon.
Aprendeu com os pais a falar italiano, com os vizinhos, espanhol, mas confessa que inglês é seu ponto fraco. “Mas sempre vai um guia com a gente”, explica. Diz que o momento mais delicado nas viagens é decidir quem vai dormir com quem. “Mas, por conhecer todos muito bem, nunca errei nas escolhas.”
O segredo para chegar aos 86 anos com tanta energia? “Trabalho, trabalho, trabalho. Aí você não tem tempo de pensar besteira, de ficar doente, de envelhecer”, pontua. E cuidar da saúde. Além de hidroginástica, Wanda faz aulas com o psicoterapeuta corporal Marco Antonio Chimento. “Até cerca ele me mostrou que sou capaz de pular.”
“Velho existe na cabeça de cada um”, diz. E revela um dos seus segredinhos: “Quando estou um pouquinho para baixo, ponho um tênis e vou para a rua caminhar. Volto outra. Você tem que se gostar e fazer tudo para o seu bem. Quem gosta mais de você é você mesmo.”