Idosos fazem terapia com galinhas
“Eu nunca ouvi uma ideia tão ridícula”, diz Alan Richards, 77 anos. Ele procurava algo para fazer, além de assistir TV e ir beber no bar, quando foi encorajado a tomar conta de uma galinha. Não ter um galinheiro, mas cuidar do bicho como se ele fosse um animal de estimação.
O Henpower é um projeto da ONG britânica Equal Arts, que leva galinhas a casas de repouso. São 20 instituições e 700 pessoas, incluindo algumas com demência, que fazem parte do programa no nordeste da Inglaterra. Nesta semana, a iniciativa desembarcou em Londres.
Segundo a organização, as aves são usadas para combater o isolamento social, reduzir a depressão e melhorar o bem-estar dos idosos. Em alguns lugares, eles vão com os animais a apresentações em escolas, eventos comunitários e outras casas de repouso para falar sobre o programa.
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A ideia surgiu quando o grupo, que atuava em uma residência para idosos, ouviu um homem com demência falar sobre suas “meninas”. Descobriram que elas eram galinhas – e que haviam morrido por um descuido dele. A ONG comprou um galinheiro de segunda mão e seis animais. A equipe da instituição de repouso ficou tão animada com os resultados que comprou mais.
O poder das galinhas foi estudado há três anos pela Universidade Northumbria – e descobriu-se que a terapia com as penosas reduz a depressão, a solidão e a necessidade por medicação antipsicótica. Ela é inovadora porque não se trata de apenas passar um tempo com os bichos, mas ter responsabilidade compartilhada por eles, o que exige também interação com outras pessoas.
“A solidão é a pior coisa que você pode ter, é uma grande aflição. Pode destruir um monte de gente. Eu sei porque tive que lidar com isso. Aos 87 anos, as galinhas são a coisa mais importante em nossas vidas”, considera Ossie Cresswell, beneficiário do projeto.
Alan Richards, que no começo achava a ideia ridícula e procurava algo mais que o tempo em frente à TV, passou a cuidar dos bichos e a apresentar o projeto pelo país. “As galinhas me fazem sair de casa e dão mais propósito às nossas vidas.”