Jovem conta como foi largar tudo para conhecer o mundo

“Apesar de ter nascido em São Paulo, a maior parte –dos 2 aos 16 anos– passei no interior. Sempre tive uma vida regada a influências artísticas. Da infância aos dias de hoje, já fiz aulas de pintura de óleo sobre tela, desenho, instrumentos musicais, artes marciais (se não fosse arte, não teria no nome), webdesign, faculdade de design gráfico, curso de barman, joguei malabares, fotografia, tatuagem… Ufa! Devem ter mais algumas coisas por aí que esqueci de pontuar.

Com toda essa influência, não me perguntem como, consegui passar meus últimos quatro anos trancado pelo menos 10 horas por dia dentro de cubículos de escritório. Não foi de todo mal, claro, sempre temos algo a aprender e eu aprendi muito neste período. Talvez se não fosse pelo amadurecimento que tive durante estes últimos anos, não tivesse tomado algumas decisões que me trouxeram para onde estou hoje.

Toda vez que via algum curta, filme, blog, fotos ou qualquer outra coisa relacionada sobre pessoas que largavam tudo e iam viajar, pura e simplesmente, ficava me perguntando: Como? Juntaram dinheiro durante anos? Nasceram ricas? Tem alguma renda que não depende de estarem em um “trabalho comum”? –Para alguns casos ainda me deparo com estas perguntas, mas isso é assunto para uma outra hora. Precisava disso para mim. Viajar, conhecer novos lugares, novas culturas, correr atrás de meus sonhos, voltar minha mente à arte novamente, como sempre foi.

Depois de um certo planejamento, com apoio e ajuda de família, namorada e amigos, neste momento estou na Europa sem previsão de volta ao Brasil. Pensando em como me ocupar e trazer algo de valor para a mente, fiquei sabendo do Worldpackers e logo consegui duas experiências colaborativas –que entre outras coisas, foca na troca de habilidades por hospedagem– uma em Zagreb e outra em Praga.

Inclusive, neste momento, estou prestes a encerrar meu período em Zagreb, para em breve iniciar em Praga. Posso afirmar que tem sido uma experiência única e inigualável em minha vida. Não tem hora de trabalho que pague o que estou encontrando nesta jornada. Cada dia conhecendo novas pessoas, de cada parte do mundo. Não tem aprendizado maior do que esse. Troca de experiências, de cultura, de valores. As vezes são conversas que duram horas, as vezes não dá tempo nem de terminar a cerveja, mas todas serão eternizadas na memória e no aprendizado.

Escutar de cada pessoa os lugares que já passou, o que recomenda, o que não, quais foram as dificuldades, as facilidades, cada detalhe da jornada de cada um é uma lição de vida. Já conheci desde um escocês que está viajando de bicicleta há três meses pela Europa a um professor canadense que dá aulas a imigrantes refugiados do mundo todo. Acredito que dê para imaginar o nível de conhecimento obtido somente com estes dois exemplos.

Neste pequeno período que estou aqui, já tive oportunidade de conhecer pessoas de pelo menos 10 países diferentes, com toda bagagem cultural que cada uma carrega, que seria impossível descrever em tão poucas linhas. Para mim esse fator tem uma carga ainda maior pois sempre fui uma pessoa fechada e tímida. Minha evolução neste aspecto tem sido um ponto muito valioso para mim pois sou “obrigado” a me comunicar mais, a me expor mais. Nenhum trabalho de mudança comportamental é fácil, mas quando vemos retorno, sempre nos traz grandes satisfações e eterna gratidão.

Isso tudo, é claro, sem contar com o que nos reserva em cada lugar que passamos nós mesmos. Pude observar que toda cidade possui seu encanto, mas que eles só são demonstrados para algumas pessoas. As cidades brilham em intensidade diferente para cada um. Portanto, por mais que alguém diga que tal lugar é chato, jamais tome a experiência dela como verdade, vá e veja com seus próprios olhos. Esta é a única maneira de fazer uma real avaliação sobre determinado lugar.

Em quase três meses na Europa, tive oportunidade de conhecer 15 cidades. Pouco perto do que gostaria, mas muito perto do que imaginava não muito tempo atrás. Ainda tem muito por vir. Depois de todo sufoco passado nos últimos anos até chegar aqui, a única coisa que posso dizer é: é possível e muito mais simples do que você imagina. Exige esforço? Sim. Exige planejamento? Sim. Vale a recompensa? Absolutamente sim. Não tem dinheiro que pague a experiência de viajar. A energia que captamos enquanto estamos viajando é única e imensurável. Aprendizado, amadurecimento e vida, de uma forma que não se consegue por outros meios.

Se quiser acompanhar um pouco da minha jornada, me siga no instagram: @gabriel.folli.”

Pelo Worldpacker Gabriel Folli