30 expressões para aprender antes de viajar ao Chile
Todo mundo sabe que, com um pouco de boa vontade e uma certa cara de pau, você consegue se comunicar em qualquer parte do mundo. Mas, às vezes, só se comunicar com o basicão do idioma local não é o suficiente. Principalmente quando você quer ganhar aquela estrelinha de turista esforçado. Ou quando as coisas mais simples podem ser ditas de forma totalmente peculiar, como é o caso do Chile.
Pra dar uma mãozinha na sua viagem para o país, nós do Mundo à Volta criamos uma lista das expressões mais específicas, engraçadas e muuuuito faladas por lá. Queremos que você se divirta aprendendo um pouco do jeito weón de falar, já que essas variações do idioma local tornam esse povo tão único e querido. E é claro que você não precisa sair falando todas essas expressões (até para não soar meio ridículo), mas só entendê-las já vai ajudar a engatar uma conversa mais solta com os weones.
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Vamos lá:
Al tiro = É como dizer “al toque“, pra já, agora, rapidinho, em um pulo.
Bacán = Legal, cool, bacana, show, massa. A expressão também pode ser usada como “ok”. Por exemplo, se você trocar mensagem de texto com um chileno combinando alguma coisa, é provável que ele responda só com um “bkn”, abreviação para bacán.
Brígido = “El temblor de ayer fue brígido”, ou seja, o tremor foi forte, pesado, difícil. E no Chile tem tremor brígido mesmo.
Cabro = Criança, moleque, pessoa de pouca idade.
¿Cachai? = Sacou? Entendeu? Sabe? Essa você vai ouvir nas primeiras horas depois de desembarcar. Os chilenos, quando escrevem e falam de forma coloquial, não colocam a consoante no final do verbo. Por isso que o “cachar” vira “¿cachai?“.
Carretear = Festear. Sair a fazer festa. Festa também pode ser chamada de carrete por lá.
Chela = A nossa ceva, cerveja. Os chilenos podem te convidar a chelear, que significa “tomar umas”. E quando você for a algum evento como jogo de futebol ou a um show, provavelmente irá ouvir os vendedores ambulantes gritando “¡a luca la chela, a luca la chela!”. Procure por “luca” logo abaixo.
Choro = Essa palavra pode ter dimensões positivas e negativas. Em alguns contextos, pode significar alguém inteligente, esperto, audaz. Em outras situações, pode se referir a um indivíduo perigoso, ladrão.
Chuta ou Chucha = Essa é pra não dizer palavrão. Pra não dizer p*ta, os chilenos dizem ¡Chucha la wea¡, por exemplo, quando alguma coisa dá errado ou querem reclamar por algo ruim que aconteceu.
Cuático = Algo complexo, surpreendente. Um filme pode ser cuático, no sentido de ser surpreendente. E uma prova pode ser cuática, no sentido de ser difícil, complexa.
Filete = Quando uma coisa está muito boa, “está filete”.
Fome = É um adjetivo para definir algo chato, entediante. É normal você ouvir um chileno dizendo “¡uuuh qué fome!“. Não vá responder “eu também”.
Gamba = Uma moedinha de 100 pesos.
Guagua = Se pronuncia “uaua” e é um jeito carinhoso de se referir a um bebê.
Guata = Uma palavra bastante coloquial pra dizer estômago, barriga. É a nossa popular “pança” e também é uma expressão usada em outros países da América do Sul, como Peru e Bolívia.
Harto = Expressão que significa fartura, abundância de qualquer coisa. Você vai ouvir os chilenos falando que em algum lugar havia “harta gente” ou que em uma festa havia “harta comida“, por exemplo. Também é bastante falado em outras partes do nosso continente.
La once = Um chá ou lanche do final do dia, como se fosse o chá das cinco dos chilenos. Conta a lenda que, nos dias frios no campo, as senhoras se juntavam para tomar “la once”, que significaria a “aguardiente” (palavra que tem onze letras).
La raja = Quando uma coisa é “de la raja” é muito espetacular, o máximo, a melhor. Muito mais que bacán.
Los pacos = Gíria para falar sobre os policiais, os tiras. Lá, os nossos guardas civis ou policiais militares são oficialmente chamados de Carabineros. Los pacos é a forma coloquial e popular de chamá-los.
Luca = Gíria para dizer 1.000 (mil) pesos. Quando uma coisa custar mil pesos, custa uma luca. Quando custar 250mil pesos, custa 250 luca (sem o “s” no final mesmo). Se você já viajou para a Argentina, provavelmente já ouviu essa expressão também. É das poucas coisas que os chilenos e os argentinos compartilham, já que eles não se bicam muito.
Pasarla chancho = Chancho é uma das formas de dizer porco. Então, quando alguém passou “chancho” é porque passou muito bem, comeu bastante, ficou mais que satisfeito, ficou “cheio”.
Pato = Quando um chileno está sem dinheiro, ele diz que “está pato”.
Pega = É o equivalente ao nosso “trampo” e pode ser um bico ou um trabalho fixo. Quando os chilenos dizem “harta pega” é porque o trabalho está bombando.
Peludo = Ou simplesmente “peluo”. É assim que os chilenos se queixam quando algo está difícil, complicado.
Piola = Tranquilo, de boa. Você também já deve ter ouvido essa expressão na Argentina, mas lá o significado tem mais a ver com “legal”.
Poh = Para afirmar ou negar, os chilenos não dizem só “sí” ou “no”. Sempre tem um poh no final dessas palavrinhas. É como se fosse uma sigla adicional que está presente em uma a cada duas palavras de uma frase. Chileno sem “poh” é como gaúcho sem “bah”, avião sem asa e fogueira sem brasa. Não tem significado nenhum a não ser para enfatizar o que está sendo dito. Você vai ouvir muito “sí, po” e “ya, po”, para afirmar algo.
Pololos = Namorados, pombinhos. Quando alguém “está de pololo” é por que está namorando, formando um novo casalzinho. Também se diz “pololear”, para dizer namorar.
Trucho = Algo pirata, falso, uma imitação. Você também vai ouvir essa palavra em outros países da América do Sul.
Weá = Provavelmente, a palavra que você mais vai ouvir depois de ya e poh. Weá vem de “huevada” e, como os chilenos adoram engolir algumas consoantes, falando rápido vira “weá”. Troço, coisa. Qualquer coisa, sério. Qual-quer coi-sa. Aquilo que a gente não sabe o nome é uma weá. Aquilo que a gente quer xingar, é uma weá. Aquele acontecimento que a gente tem preguiça de falar numa conversa, pode ser uma weá. Quero ver você se livrar da weá quando voltar pra casa. Eu solto uns “weás” até hoje.
Weón/Weona = Um chileno poderia dizer amigo, cara, brother, compadre, hermano, tio, idiota, estúpido, filho da p*uta. Mas, no lugar disso diz só “weón”. Na sua origem, weón significa algo negativo, um xingamento tipo imbecil. Mas é tão usado pelos chilenos para se referir aos amigos e a qualquer pessoa do círculo de relacionamentos, que pode ser considerado como “cara”. Quando um chileno quer xingar algum weón que fez besteira, a expressão também serve. Tem algumas variações, tipo “aweonado”. Uma vez perguntamos a um amigo chileno por que alguém tinha cometido uma barbaridade qualquer, e ele respondeu: porque es un aweonado, de weon.
Vamos falar sobre pronúncia? Um oferecimento: meus erros!
Quando chegamos no Chile, estávamos saindo de um período de quatro meses na Argentina. Ou seja, eu vinha há muito tempo me esforçando para falar com sotaque portenho. De repente, cruzei a fronteira e tive que deixar de lado os meus “xo” (yo), “xubia” (lluvia), “caxe” (calle) e por aí vai. Argentinos e chilenos não são melhores amigos e eu não queria passar o meu tempo no Chile falando com o sotaque do povo que eles menos amam de paixão. Logo tive que me acostumar a falar “yo” (y quase com som de dj), proyecto (ao invés de “proxecto“), YouTube (“djutube” ao invés de “xutube”.
Parece uma dica boba, mas eu considero um sinal de respeito quando você se dedica a tentar pronunciar as palavras da forma como elas são ditas na região. Sem contar que nós brasileiros estamos tão acostumados com o sotaque dos vizinhos argentinos e “uruguaxos”, que acabamos reproduzindo o jeito deles de falar quando vamos para outro país hispano-hablante aqui da América do Sul.
Nem precisa chegar no Chile falando cantado, arrastando as vogais e engolindo as consoantes assim como os chilenos fazem. Também não precisa sair chamando todo mundo de weón. O importante é demonstrar que você se preocupou em entender a forma como o idioma é falado localmente e está disposto a dar um upgrade no seu portunhol.
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