Chile abriga a versão mais isolada e selvagem da Patagônia

Nem só com Bariloche e Lagos Andinos se faz turismo nas terras geladas da Patagônia.

Na Patagônia chilena, o visitante encontra a versão mais selvagem e isolada desse destino austral com mais de um milhão de km².

Mas visitar a região exige planejamento e disposição.

O Chile abriga a menor parcela patagônica do continente, uma região com 240 mil km² de superfície, entre o golfo do Reloncaví, ao norte, e o Estreito de Magalhães, ao sul; e uma densidade demográfica que não passa de um habitante por km².

Vista do maciço das Torres del Paine, na Patagônia chilena

A geografia local é conhecida pela abundância de áreas verdes e mais arborizadas, marcada também pela estepe (exceto na região de pampa de Punta Arenas).

O Chile abriga a geografia mais isolada e inóspita de toda a Patagônia, onde é possível navegar pela 3ª maior extensão de gelos continentais do mundo, uma área de 21 mil km² que inclui atrativos como o Parque Nacional Laguna San Rafael e o glaciar Exploradores, nos Campos de Gelo Norte.

Já os Campos de Gelo do Sul são conhecidos por abrigar atrações naturais como os glaciares Pío XI, no Parque Nacional Bernardo O’Higgins; o glaciar O’Higgins, situado no lago de mesmo nome; e os glaciares Tyndall e Grey, no Parque Nacional Torres del Paine.

Como chegar

Recortada por fiordes e geleiras, a Patagônia chilena exige paciência de quem viaja por terra, uma vez que para se chegar ao extremo sul do Chile, via Santiago, é necessário viajar até Osorno e de lá seguir para Rio Gallegos, em território argentino, antes de chegar a Punta Arenas.

Vista da Carretera Austral, na região de Coyhaique

Puerto Natales e Punta Arenas são as cidades maiores e com melhor estrutura da Patagônia chilena, onde o viajante encontrará serviços para planejamento às áreas mais isoladas da região.

Já quem se aventura para conhecer a fascinante Carretera Austral, no setor oriental da Patagônia chilena, na fronteira com a Argentina, conta com voos que saem de Porto Montt, em direção a Balmaceda, a 55 km de Coyhaique, uma das principais portas de entrada para a região.

De ônibus ou de carro: A região conta com quatro fonteiras terrestre. A apenas cinco km de Los Antiguos, na Argentina, fica o Paso de Chile Chico. Outra opção é o Paso Internacional Balmaceda, rota para cidades argentinas como Río Mayo, Perito Moreno e Comodoro Rivadavia. Balmaceda abriga também o principal aeroporto da região, a 55 km de Coyhaique, capital da região de Aysén.

Outras fonteiras são Coyhaique Alto, a 45 km de Coyhaique, e o Paso Interregional La Junta, para quem vem por território chileno, a partir da Região dos Lagos.

Quando ir

Torres del Paine, na Patagônia chilena

Durante os meses de outono, as temperaturas na região variam entre -2°C a 4°C, de acordo com a região visitada.

Porém, o clima instável, nevascas, chuvas torrenciais e o humor imprevisível de atrações naturais como montanhas de picos nevados podem isolar viajantes e a população local, durante dias. Por isso, evite roteiros engessados e vá preparado para imprevistos ou alterações de rotas.

Embora seja possível viajara pela região, durante todo o ano, a melhor época é a primavera, de outubro a abril, quando há probabilidade de dias com sol e sem chuva.

Onde ficar

Os próprios guias da região de Torres del Paine são unânimes em afirmar que a falta de transportes e de melhores rotas são os maiores desafios para quem visita a Patagônia chilena.

Ainda assim, é possível encontrar opções de hospedagem que vão desde hostels bem estruturados para viajantes aventureiros até hotéis de luxo com as melhores localizações (selvagens, diga-se de passagem).

Uma das nossas experiências foi no Tierra Patagonia, conhecido pelas expedições e pelos quartos com vista para Torres del Paine.

Para acampar no Parque Nacional Torres del Paine é necessário fazer reserva nos acampamentos gratuitos da Conaf (Corporación Nacional Forestal), no site: www.parquetorresdelpaine.cl

Vista panorâmica do The Singular Patagonia

As reservas podem ser feitas para até duas pessoas e a permanência máxima em que cada acampamento é de apenas uma noite. SAIBA MAIS

Quem procura algo mais inusitado, a região abriga também o The Singular, localizado nas antigas instalações de frigorífico que funcionou próximo a Puerto Natales, entre 1915 e 1971, e foi um dois principais fornecedores de carne para a Inglaterra, na primeira metade do século 20.

Declarado Monumento Histórico Nacional, o Frigorífico Bories foi reformado, após anos de abandono, e sua estrutura original dá lugar agora a um hotel de luxo com quartos com vistas para montanhas patagônicas que podem ser visitadas em trilhas, passeios e cavalgadas, oferecidos também pelo hotel. SAIBA MAIS

Vista do Puyuhuapi Lodge & Spa, em Puyuhuapi, na Patagônia chilena

Atrações

Para ir além, Puyuhuapi é a sua parada seguinte.

Com pouco mais de 500 habitantes vivendo ao redor das águas marinhas que alimentam o canal que deu nome ao povoado, Puyuhuapi é um charmoso vilarejo criado, em 1930, a partir de uma política estatal que estimulava o povoamento daquela zona fria a partir da entrega de terras gratuitas a europeus imigrantes.

E a melhor opção de hospedagem é o Puyuhuapi Lodge & Spa, a 12 km do centro do povoado e com acesso apenas por vias marítimas.

Atrações

Torres del Paine

Vista do terraço do Tierra Patagonia, hotel com vistas para Torres del Paine

Conhecido pelos rochosos maciços de granito, esse parque nacional está a 100 km de Puerto Natales e é o destino mais popular da Patagônia chilena, procurado por amantes de caminhadas.

As opções vão de trilhas curtas até o clássico percurso W, circuito de 71 km, feito em cinco dias de caminhada. Para quem tem mais disposição, o “Circuito O” é uma caminhada exigente de 93,2 km, com duração de 7 a 10 dias. SAIBA MAIS

Laguna San Rafael

Esse é outro clássico patagônico do Chile, cujo acesso aquático se dá, a partir de Puerto Chacabuco, a 79 km de Coyhaique.

Declarada Reserva da Biosfera pela Unesco, essa região de quase 2 milhões de hectares é recortada por canais e imensos blocos de gelo que podem ser vistos dos botes que se aproximam a poucos metros das geleiras.

Turistas na Laguna San Rafael

A partir de Puerto Chacabuco, os viajantes fazem uma longa viagem pelos fiordes e canais patagônicos, antes de ficarem diante dos impressionantes paredões de gelo com até 100 metros de altura.

A fauna local inclui patos, foca-leopardo, orcas e três espécies de golfinhos. O passeio podem ser contratados nas agências de Coyhaique ou em hotéis da região.

Carretera Austral

Com 1.240 km, entre Puerto Montt, na Região dos Lagos, e Villa O’Higgins, na Patagônia chilena, a Carretera Austral é um dos cenários mais impressionantes de todo o território chileno.

A região de Aysén, onde fica essa estrada nacional, pode ser explorada em carros 4×2, preferencialmente, e é marcada por estreitas e sinuosas vias de cascalho que dão acesso a cidades a atrações como a pitoresca Puyuhuapi, as impressionantes formações geológicas da Capilla de Mármol (Puerto Tranquilo) e a distante (e misteriosa) Caleta Tortel, cidade austral interligada por passarelas de cipreste, onde carros têm acesso proibido.

a Carretera Austral é um dos cenários mais impressionantes de todo o território chileno

Coyhaique

Usada como como base para quem visita a Carretera Austral, Coyhaique é a maior e melhor estruturada cidade de todo o roteiro austral.

O destino está a 65 km de Puerto Aysén; a 80 km de Puerto Chacabuco e serve de ponto de partida para destinos mais distantes da Carretera: Puerto Tranquilo (268 km); Puyuhuapi (277 km); Caleta Tortel: (459 km) e Puerto Montt (675 km).

Antes de chegar lá

Para quem não tem tempo ou disposição para chegar tão longe, a região sul do Chile conta também com destinos gelados, pré-Patagônia.

Localizada na Región de la Araucanía, no sul do país, a Reserva Nacional Malalcahuello é o Chile que pouca gente conhece.

Porta de entrada para a Patagônia, mas com temperaturas mais decentes e melhores vias de acesso, o destino é conhecido pela temporada de esqui, que vai do final de junho a outubro, considerada a mais longa em todo o Chile.

Outro roteiro imperdível é a Travessia dos Lagos Andinos, entre o Chile e a Argentina.

Criada em 1913 pelo suíço Ricardo Roth, responsável pelo primeiro cruzamento com fins turísticos na região, a Travessia dos Lagos é uma viagem de sete etapas (lacustres e terrestres), com duração de até dois dias, entre Porto Varas (Chile) e Bariloche (Argentina).

Vulcão Osorno, uma das atrações naturais da travessia dos Lagos Andinos, entre a Argentina e o Chile

A viagem começa a mais de mil km da capital chilena, em Porto Varas, passa por Porto Montt, capital da Região dos Lagos, e segue em ritmo lento por uma sequência única de paisagens que inclui lagos de origem glacial, vulcões adormecidos de picos nevados, florestas centenárias, povoados minúsculos e bosques de lengas e alerces andinos.

Em parceria com Viagem em Pauta

O Viagem em Pauta é o projeto pessoal do jornalista Eduardo Vessoni, profissional que atua com turismo desde 2008 e já colocou os pés em todos os continentes.

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