‘A transformação do olhar perdido em gargalhada é o que me move’, diz voluntária

Por: Catraca Livre

No ano passado, Adriana Lisboa Machado, 43 anos, resolveu “fazer uma limpa” no armário dos filhos gêmeos de 14 anos. Foi doando essas peças para meninos com câncer que ela se aproximou como voluntária do Instituto Oncoguia.

A surpresa de “ver a transformação daquele olhar perdido e de tristeza em gargalhada” a impulsiona a montar kits, com guia de direitos do paciente, lenço ou boné e um cartão com o telefone da ONG, e a distribuí-los em hospitais. Segundo ela, “nem tudo é possível para todo mundo, mas sempre tem trabalho [para fazer como voluntário]”. Confira, abaixo, seu depoimento.

A voluntária do Instituto Oncoguia Adriana Machado, que participa do Espaço do Paciente

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No meu primeiro trabalho voluntário, eu tinha 15 anos. A gente visitava asilos – fazia companhia e lia histórias para idosos. O brilho nos olhos dos velhinhos, ver a transformação daquele olhar perdido e de tristeza em gargalhada… É o que me move até hoje.

Meu trabalho no Instituto Oncoguia começou no ano passado. Minha família sempre teve história de câncer. Perdi um primo com 6 anos de idade de leucemia em 1986. A família era muito pequena e participei ativamente [da luta contra a doença]. Em 2005, minha mãe teve câncer de mama. Não consegui dar todo o apoio porque estava longe. Mas ela se recuperou.

Eu via muitas ações para mulheres – lenços, maquiagens, bijus – e não via quase nada em prol do homem. No ano passado, eu fiz uma ‘limpa’ no guarda-roupa dos meus filhos e saí para doar. As meninas do Oncoguia me acharam e começamos a fazer ação para homens no Espaço do Paciente.

Neste ano, distribuímos 320 bonés no Hospital do Câncer. Toda segunda eu vou para o Oncoguia. Montamos kits que enviamos pelo correio. Os pacientes se cadastram pelo site e podem receber bonés sem pagar nada por isso.

Uma menina de 19 anos estava na radioterapia e disse para mim que tinha resolvido desistir porque não estava aguentado os efeitos colaterais. Ela tinha câncer nos ossos na região da bacia. Entregamos kit com o 0800 do Oncoguia, o guia de direitos do paciente e um lenço. Aquele presente que ela recebeu e poder acessar as informações no site [do Instituto Oncoguia] fizeram a diferença na vida dela.

Sempre tem espaço para fazer o bem. As pessoas têm que encontrar um trabalho ideal. Às vezes, elas não têm estrutura emocional para trabalhar diretamente com um paciente com câncer. Mas, se você tem dias livres na semana, pode montar os kits, por exemplo. Se não tiver gente para montar, não tenho kits para levar ao hospital. Nem tudo é possível para todo mundo, mas sempre tem trabalho.

O Instituto Oncoguia oferece orientações personalizadas gratuitamente sobre direitos, qualidade de vida e tratamentos contra o câncer. Basta entrar em contato com a organização pelo site ou pelo 0800-773-1666.

Por QSocial