Rubem Alves: o enterro poético

20/07/2014 07:52 / Atualizado em 06/05/2020 16:32

Esse é o jeito que Rubem Alves quis se despedir da vida.

“Sou grato pela minha vida. Não terei últimas palavras a dizer. As que tinha para dizer, disse durante a minha vida. Recebi Muito. Fui muito amado. Tive muitos amigos. Plantei árvores, fiz jardins. Construí fontes, escrevi livros. Tive filhos, viajei, experimentei a beleza, lutei pelos meus sonhos. Que mais pode um homem desejar? Procurei fazer aquilo que meu coração pedia.”

“Não tenho medo da morte, embora tenha medo do morrer. O morrer pode ser doloroso e humilhante, mas à morte, eis uma pergunta. Voltarei para o lugar onde estive sempre, antes de nascer, antes do Big Bang? Durante esses bilhões de anos, não sofri e não fiquei aflito para que o tempo passasse. Voltarei para lá até nascer de novo.”

 
 

O educador Rubem Alves já tinha definido como gostaria que fosse seu enterro. Queria que seu último ato acima da terra fosse poético.
Ele pediu que, depois de cremado, as cinzas fossem jogadas embaixo de um ipê amarelo. No lugar de discursos ou rezas, seriam lidos textos de seus poetas preferidos, como Cecília Meireles e Fernando Pessoa.