Fernando de Noronha para mãos-de-vaca
Por Eduardo Vessoni, do site Viagem em Pauta
Visitar o paraíso na Terra tem seu preço.
E em Fernando de Noronha, um dos mais cobiçados (e proibitivos) destinos brasileiros, os custos são bem altos, diga-se de passagem.
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Uma garrafa pequena de água pode chegar a custar R$ 5 nas atrações turísticas, uma diária em um hotel de luxo chega fácil aos dois mil reais e uma refeição em um restaurante simples com ares de boteco no centro histórico não custa menos do que R$ 50 por pessoa.
Sem falar no sorvete de marca popular a R$ 15 e a gasolina a R$ 4,98.
Mas Fernando de Noronha é democrática, assim como as dezenas de praias e baías para todos os estilos de banhistas, e oferece opções para todos os bolsos.
Dá, sim, para conhecer essa impressionante área preservada a pouco mais de 540 km de Recife, sem estourar o orçamento. Para isso, o Viagem em Pauta desembarcou, no começo do mês, em Noronha e foi atrás das melhores dicas para quem sonha em visitar o arquipélago.
[tab:Alimentação]
Este é um dos itens que mais pesam no orçamento do viajante que visita o arquipélago.
E a gente sempre fica na dúvida se os altos preços praticados em alguns estabelecimentos são elevados por conta da distância e da logística para o envio de ingredientes provenientes do continente ou se existe, realmente, abuso por parte de alguns proprietários.
Em uma de minhas paradas, por exemplo, fui a um restaurante da Vila dos Remédios bastante similar ao padrão encontrado em botecos simples do centro de São Paulo e fui surpreendido com um PF com arroz, feijão e peixe a exagerados R$ 52 por pessoa e sem bebida incluída.
Se a gente comparar essa opção simples com outros restaurantes de gastronomia de autor como o descolado O Pico, onde um prato pode custar R$ 57 e é servido em um ambiente decorado com obras do cordelista J. Borges e uma bem selecionada trilha sonora, os preços de Noronha tendem a beirar a contrariedade.
Em Noronha, faça como os noronhenses e realize suas refeições em restaurantes frequentados por locais como os excelentes Restaurante do Jacaré, na Vila dos Remédios, e o informal Restaurante do Valdênio, na Vila do 30, onde o prato do dia com arroz, feijão, macarrão, salada, purê, carne e uma bebida custa R$ 25 por pessoa (81-3619-1872). É ali que os instrutores de mergulho fazem suas refeições.
Durante o dia, economize também comendo por quilo no restaurante Flamboyant, na entrada da Vila dos Remédios, onde o buffet com mais de 20 opções de pratos quentes e frios custa R$ 52,90, o quilo.
À noite, outra sugestão imperdível é o trailer do Maiskibon, localizado em frente à praça Flamboyant, cujos sanduíches bem recheados incluem opções com carne, frango, peixe e até hambúrguer de soja (a partir de R$ 15).
[tab:Hospedagem]
A ilha tem opções para todos os bolsos, inclusive hotéis de luxo com diárias em bangalôs que chegam a custar mais de R$ 1.800, na baixa temporada. Mas fora da rota dos estabelecimentos de alto padrão, viajantes com orçamento apertado contam com quartos alugados em residências familiares localizadas em setores como a Vila dos Remédios e Vila do 30.
Durante a passagem do Viagem em Pauta em Fernando de Noronha, no último mês de dezembro, conhecemos opções de hospedagem simples que não costumam aparecer em buscas na internet e que oferecem quartos a partir de R$ 90, na baixa temporada, como a Pousada Tubarão (81-3619-1391), Casa da Albertina (81-3619-1990), Pousada Golfinho (81-3619-1837); Casa de Mirtes (81-3619 1792); Pousada do Guilherme (81- 3619-0197); Pousada do Dandão (81- 3619-1154
[tab:Transporte]
Já foi o tempo em que bugues eram a única (e exorbitante) opção de transporte na ilha.
Atualmente, a ilha conta com uma linha de ônibus (R$ 3) que liga o porto de Noronha à praia do Sueste, passando por atrações como o início da trilha do Atalaia, Vila dos Remédios, as praia do Cachorro e do Boldró e o Fortinho de São Pedro, conhecido pelo mirante com vista do pôr do sol atrás do Morro Dois Irmãos.
O serviço funciona, diariamente, das 7h às 23h30, com ônibus a cada 30 minutos.
Os mais aventureiros podem alugar uma das 18 bicicletas elétricas disponíveis nos centros de visitantes das praias do Sancho e do Sueste (de R$ 16, convencional, a R$ 25, a versão elétrica). Embora apresente trechos com asfalto irregular e áreas de paralelepípedos, no centro histórico, vale a pena investir em roteiros independentes sobre duas rodas.
Ainda assim, os bugues continuam sendo a melhor opção para viagens mais independentes, cujo aluguel para 24 horas custa, em média, R$ 160, podendo chegar a R$ 500, na alta temporada, segundo nos informou um dos guias da ilha. Difícil mesmo é encarar, na devolução do carro, o preço do litro da gasolina que, em Noronha, custa R$ 4,98.
Um táxi entre o aeroporto e a Vila dos Remédios, o centro histórico da ilha, custa R$ 21, mas agências de viagens costumam oferecer, gratuitamente, o traslado entre esses dois trechos.
Viajantes de grandes centros urbanos podem até desconfiar da generosidade, mas o serviço é mesmo gratuito e pode ser acertado no portão de desembarque.
Algumas pousadas costumam oferecer o traslado gratuito do e para o aeroporto.
[tab:Passeios]
Com atrações localizadas em áreas preservadas declaradas parque nacional, Fernando de Noronha limita (para nossa sorte e do meio ambiente) o acesso a alguns atrativos naturais. Por isso, não vai ter como escapar da contratação de guias ou dos serviços agências de turismo.
Se tiver que investir em um único roteiro, dê prioridade para o completo Ilha Tour (R$ 110, em média), passeio em carro 4×4 com duração de um dia inteiro e passa pelos ícones da ilha como a praia do Sancho, Morro Dois Irmãos, Cacimba do Padre, Buraco da Raquel, mergulho no Sueste e entardecer no mirante do Fortinho de São Pedro.
Leve dinheiro, pois agências como a Costa Blue ([email protected] / 81-3619-1661) dão descontos nos serviços pagos em espécie.
Alguns passeios também têm refeição incluída (o que já ajuda na economia) como o inusitado mergulho a reboque (conhecido como plana sub), em que o passageiro é rebocado por um barco enquanto faz manobras na água com uma prancha que sobe e afunda de acordo com os movimentos do passageiro. O serviço da Neucar (81-9914-5057/3619-1893) custa R$ 150 por pessoa e inclui paradas para mergulho e churrasco a bordo com picanha, calabresa e peixes como anchova, cavala e dourada.
Evite programar o Ilha Tour, às segundas-feiras, pois a ilha recebe cinco voos no dia anterior, o que congestiona os passeios do dia seguinte.
Alguns passeios podem ser feitos sem contratação de agências como a caminhada histórica na Vila dos Remédios (ainda que as informações dadas pelos guias dão uma boa contextualizada na história da ilha, descoberta em 1503), o pôr do sol na praia da Conceição, uma caminhada breve a partir do centrinho de Noronha, a emocionante captura intencional de tartarugas feita por biólogos, na Praia do Sueste, e as clássicas palestras noturnas na sede do Projeto Tamar.
[tab:Aluguel de equipamento]
Como dizem os próprios locais, “só o ar de Noronha ainda é de graça”. De resto, prepare-se para colocar a mão no bolso, durante toda a sua estadia na ilha.
Só para se ter uma ideia, o aluguel de guarda-sol na praia da Cacimba do Padre custa R$ 20, além dos R$ 10 para cada cadeira emprestada. Já o aluguel de colete e máscara, itens obrigatórios para flutuação nas piscinas naturais, custam R$ 20 por pessoa.
Por isso, a dica é levar seu próprio equipamento de mergulho e verificar no próprio hotel se há cadeiras e guarda-sóis disponíveis para hóspedes.
[tab:Mergulho]
Este talvez seja o maior (e melhor) investimento que um visitante possa fazer em Noronha.
Não tem como escapar. Submergir em um dos melhores destinos do mundo para a prática de mergulho tem seus (altos) custos e cada centavo será recompensado com uma das melhores visibilidades encontradas em mares brasileiros, onde é possível mergulhar entre tubarões, tartarugas, golfinhos, polvos moreias e algumas centenas de cardumes coloridos.
Para reduzir os gastos (e, de quebra, repetir a experiência) procure contratar mais de uma saída de mergulho em uma mesma agência. A Atlantis Divers, por exemplo, cobra R$ 420 para uma saída e R$ 550 para dois mergulhos, incluindo traslado em barco até os pontos de mergulho nas Ilhas Secundárias, um instrutor por mergulhador, empréstimo de equipamentos e snacks a bordo. Saiba mais sobre o mergulho de batismo.
[tab:Passagens aéreas]
Com apenas duas companhias aéreas operando os trechos Natal/Recife-Fernando de Noronha, o viajante não encontra muita oferta de promoções de passagens até a ilha, exceto na chuvosa baixa temporada (de maio a julho).
Os preços tendem a ser menores também em voos saindo no meio do final de semana. Afinal de contas quem vai querer perder a festas regadas a forró no Bar do Cachorro, em pleno sábado? Fiz isso por questões de compromissos em São Paulo e melhores tarifas compradas com milhas. Me arrependo até hoje de deixar a ilha em um sábado de sol que receberia, na casa Muzenza, um show de tributo a Chico Science.
Os voos Recife-Noronha têm saídas diárias e são operados pela Gol e pela Azul. Já quem viaja a partir de Natal, capital do Rio Grande do Norte, conta apenas com uma opção de voo da Azul.
[tab:Ingressos]
Neste quesito não tem como economizar (a não ser que você for um local ou estiver a serviço).
Desde que a concessionária Econoronha assumiu a administração da ilha, o visitante deve pagar duas taxas de entrada. A TPA (Taxa de Preservação Ambiental) custava, em 2014, R$ 48,20 por dia de permanência. Para agilizar a sua chegada, adiante o pagamento dessa taxa obrigatória, realizando os procedimentos pela internet. Saiba mais
A nova taxa se refere à entrada ao Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha (R$ 81 para brasileiros e R$ 162 para estrangeiros). Dessa você até pode abrir mão, mas quem seria louco de deixar de visitar ícones como a praia do Sancho, eleita pelo site Tripadvisor como “a mais linda do mundo”, o Morro Dois Irmãos ou fazer um mergulho de snorkeling, entre tartarugas, figurinhas que têm presença garantida na praia do Sueste.
[tab:Melhor época]
Entre maio e julho, os valores praticados na ilha costumam cair até 30%, porém estes são os meses de chuva.
Setembro é conhecido como a temporada de águas calmas na ilha, onde o mar é mais convidativo para banho. A época ideal para observação de desova de ovos de tartarugas vai de dezembro a agosto, com pico entre março e abril.
Para quem quer surfar, a temporada perfeita vai de dezembro a março.
E uma última dica: se for para ficar menos de cinco dias na ilha, é melhor trocar sua viagem para outro destino. Definitivamente, Fernando de Noronha não é para viajantes apressados.