Osvaldinho da Cuíca, um profissional do samba
Compositor fala sobre sua carreira profissional e seu contato com o Vai-Vai na década de 1970

A partir de sua entrada para o cordão carnavalesco Garotos do Tucuruvi, em 1958, mal sabia o músico que sua habilidade precoce na confecção e manejo dos instrumentos percussivos o tornaria um dos batuqueiros mais virtuosos do país.
“Nossa, eu precisaria ficar um ano falando e ainda teria assunto”, brinca Osvaldinho da Cuíca em entrevista exclusiva ao Samba em Rede, quando perguntado sobre o início de sua carreira profissional.
Além de tocar no Carnaval de rua com os cordões, Osvaldinho também se aventurava em boates paulistanas acompanhando sambistas. “Eu já era famoso na noite e acabei conhecendo muita gente”, lembra o músico. Em 1958, conheceu o cantor Germano Mathias, com quem fez vários shows. No mesmo ano, Mathias o apresentou para o poeta Solano Trindade, que conduzia um centro de cultura negra. Osvaldinho integrou a equipe de Trindade tocando cuíca, fazendo então surgir a famosa alcunha.
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Na segunda metade da década de 1960, Osvaldinho conciliava um estilo de vida tradicional com severas doses de vanguarda, que resultaria em importantes parcerias em sua carreira. “Em 1967, entrei para o Demônios da Garoa, junto com o Adoniran”, recorda com emoção do sambista paulista por natureza e de nomes saudosos da música brasileira com quem teve a oportunidade de conviver, como Ataulfo Alves, Ismael Silva, Nelson Cavaquinho, Clementina de Jesus, Cartola e Geraldo Filme.
Em 1974, Osvaldinho grava seu disco de estréia como intérprete, produzido pelo selo Marcus Pereira. O músico recorda o episódio em que José Ramos Tinhorão – importante crítico musical – publica no Jornal do Brasil uma crítica sobre o disco: “Ele começou me elogiando como profissional mas ‘meteu o pau’ no meu trabalho dizendo que eu não acrescentei nada à cultura paulista regional. Que o meu disco refletia um padrão carioca de samba e não exaltava o samba rural de São Paulo.”
Ao contrário do que se espera, a reação do músico foi inusitada: “Ao invés de eu achar ruim, me tornei amigo do Tinhorão, agradeci e comecei a militar pela valorização do samba de São Paulo”, conta Osvaldinho, apontando o momento como “importantíssimo” para a sua carreira.
Nesta época, a relação de Osvaldinho com o Vai-Vai começou a se estreitar, já que o percussionista foi convidado a participar do processo de oficialização do então cordão carnavalesco em escola de samba.