Yvison Pessoa fala sobre seu novo álbum ‘Trajetória’ e suas perspectivas no samba
O músico, produtor artístico e articulador cultural Yvison Pessoa lança nesta semana uma campanha de financiamento coletivo para viabilizar o álbum “Trajetória”, disco com composições autorais e que celebra uma nova fase em sua carreira.
As recompensas vão desde CDs autografados, camisetas, chapéus, shows particulares e ingressos para as apresentações e feijoadas da Velha Guarda. As cotas custam entre R$15 e R$ 10 mil e podem ser adquiridas até às 23h59m59s do dia 15 de novembro de 2015.
No repertório, composições que reverenciam a rotina de seu bairro de origem, São Mateus, na zona leste da cidade, como na faixa “Quebrada”, que fala de todos os subdistritos de São Mateus. As canções de Yvison também colocam as causas sociais em pauta e expõem um pouco da complexidade da vida na periferia.
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Leci Brandão, Graça Braga e a Velha Guarda do Camisa Verde e Branco são alguns nomes que participam da gravação do álbum.
O disco resgata diferentes vertentes do gênero como: o partido-alto, samba de roda, ijexá, samba-enredo e samba choro. “É preciso mostrar que o samba não é uma coisa só, é um gênero muito fértil”, diz Pessoa.
“Neste trabalho procurei enfatizar a linguagem afro-brasileira no samba. A Graça Braga , por exemplo, fará uma participação na faixa que conta a lenda de uma entidade religiosa Congo-Angola, chamada “Matamba”, disse Yvison em entrevista exclusiva ao Samba em Rede.
Além de sambista, o integrante do extinto grupo Quinteto em Branco e Preto atua no campo da articulação cultural nas periferias do Estado, é idealizador do projeto Berço de Samba de São Matheus e membro da diretoria da Associação Sambistas, Terreiros e Comunidades de Samba (ASTEC).
Quando perguntado sobre suas referências musicais, Yvison elenca “Nei Lopes, Candeia, Paulinho da Viola, Martinho da Vila e João Nogueira no Rio de Janeiro. Já em São Paulo, Geraldo Filme, a Velha Guarda do Camisa – onde já fui ritmista e tenho grandes amigos – , Toniquinho Batuqueiro, Carlão do Peruche e, claro, Adoniran.”
Pessoa também atuou em diversas ações para aproximar o Poder Público do samba. A publicação do guia “Circuito de Rodas de Samba de São Paulo” e a idealização do aplicativo “Insamba” – que disponibiliza informações de casas, rodas e escolas de samba – são alguns exemplos.
“O trabalho que é feito nessas comunidades estimula a criação de novos sambas e faz com que as pessoas prestem mais atenção em questões primordiais como a relação com a família e a própria auto-estima”, revela Pessoa sobre o fenômeno atual das comunidades de samba de São Paulo.
“Luto para que a nossa mensagem seja ouvida e absorvida – afinal o samba é, sem dúvidas, a viga mestre da cultura brasileira”, finaliza o artista sobre a relevância deste registro.
A iniciativa busca o engajamento de todos os que valorizam e acreditam nas transformações que as manifestações autênticas da arte podem promover. E, se você se identifica com essas questões, que tal dar sua contribuição à música?