Ecoteatro: Cultura e sustentabilidade no palco

TeatroSilva, localizado em Pirituba, na Zona Oeste de São Paulo, desenvolve projeto pioneiro

Por: Catraca Livre

Eco². Ecológico e econômico. Um novo conceito de centro cultural vem sendo desenvolvido em Pirituba, bairro da zona oeste de São Paulo. Desde 2008, militando em prol das artes cênicas, realizando formação de atores, contra-mestres e dramaturgos em jovens e idosos da região, ativistas do TeatroSilva voltam a atenção, agora, para a bioconstrução de um ecoteatro. Sustentável. Desde sua concepção, passando pela construção e culminando na ocupação do espaço.

O TeatroSilva surgiu em 2008, no Tucuruvi, dentro de uma sala de 10m x 10m de uma escola pública da região. Após ocupar outro espaço no bairro, um galpão, o coletivo se estabeleceu em Pirituba. Baal Demarÿ, idealizador do TeatroSilva explica que a nova localização é estratégica. “Não há espaço de cultura em Pirituba”, explica, argumentando que a construção do Ecoteatro, numa área adjunta onde está umbicado o galpão-sede do coletivo será de grande valor para o bairro.

Segundo Baal, a proposta inicial do TeatroSilva “era formar não-atores. Íamos em escolas públicas e e convidávamos as pessoas. Depois de montar o espetáculo, retornávamos e apresentávamos a peça”. Em três anos, o coletivo realizou três peças, assistidas por 5 mil jovens de escolas públicas.

Ao passo que novas ações cênicas são realizadas pelo TeatroSilva, o projeto de construção do Ecoteatro, valendo-se de técnicas de bioconstrução, está próximo de sair do papel. O projeto arquitetônico é de Alessando Sbampato e Roberto Godoy e as bioconstrutoras são Nena Alava e Dani Paiva.

O Ecoteatro

Materiais e técnicas que não agridem a natureza, garantindo a sustentabilidade, serão utilizadas no projeto. Trata-se da bioconstrução, que traz à tona métodos que maximizam o aproveitamento dos recursos disponíveis, minimizando os custos.

O tratamento e reaproveitamento de resíduos, a coleta de águas pluviais, o uso de fontes de energia renováveis e não-poluentes, o aproveitamento máximo da iluminação natural, são alguns exemplos de técnicas a serem utilizadas.

Os materiais de construção a serem usados (e reaproveitados) podem ser superadobe, entulho moído, vidro e metal. Telhado verde, coleta de água da chuva por meio de captadores, cisternas e filtros naturais também estão previstos no projeto.

Para Baal Demarÿ, tal bioconstrução garante mais espaço para as ações sócioculturais do coletivo, bem como demonstra a viabilidade deste tipo de projeto.

Findada a obra, o ativista avalia que o atual galpão-sede onde o coletivo se situa possa se transformar em uma oficina para desenvolver atividades sustentáveis, mantendo estreito diálogo com o ecoteatro.

Histórico de militância

Nos idos de 1998, Baal Demarÿ já atuava com formação de atores, contra-mestres e dramaturgos com jovens e idosos. À época, desenvolvia o trabalho no Teatro da USP (TUSP) e conseguiu atingir resultados satisfatórios.

No ano seguinte, mudou-se para Minas Gerais e, nos municípios de Guaranésia e Guaxupé, seguiu desenvolvendo o relevante trabalho. Tais ações, posteriormente replicadas no TeatroSilva, serviram de alicerce para a atuação de Baal, exemplo lapidar de como sustentabilidade e cultura podem caminhar lado a lado.